Ex-governadora do Rio, prefeita de Campos e atual presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo, Rosinha Garotinho assina artigo publicado, no Globo de hoje, em que faz a mais firme e enérgica defesa feita, até agora, dos interesses dos estados e municípios em relação aos novos campos, que serão explorados na chamada camada do pré-sal.
Atualmente, por imposição da Constituição brasileira, estados e municípios produtores têm direito a royalties sobre o petróleo retirados dos campos existentes, além de participações especiais. Dinheiro mais do que justo, como compensação aos riscos e danos ambientes enfrentados e levando em conta o caráter finito desta riqueza.
Agora, com a descoberta das enormes reservas do pré-sal – as maiores do mundo – o governo federal ameaça excluir estados e municípios da participação desta riqueza, avaliada em cerca de US$ 10 trilhões.
Esta discriminação não passará!
Não se depender de Rosinha e dos políticos que ela representa.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, escreveu um artigo muito morno, sem a firmeza necessária, e ouviu do governo um “fica quieto e não reclama”.
Com Garotinho e Rosinha, a discussão tem outro nivel. Respeitoso, mas de igual para igual, como o cidadão fluminense já se acostumou a assistir.
Rosinha, no artigo que O Globo publica hoje, deixa bem claro a Constituição brasileira garante o acesso a royalties, não importa se o poço é raso, fundo ou abissal. É poço, é campo de petróleo, passa pelo Rio – então tem royalties.
A lei é clara.
Mesmo que a gente tenha que mostrar isto para eles.
Eis o artigo de Rosinha:
Faixa de reserva para o pré-sal
Rosinha Garotinho
A defesa dos royalties para quem produz é uma questão de legalidade e de justiça. A nossa luta é pela manutenção de princípios constitucionais, e não só dos interesses do Estado do Rio de Janeiro e de municípios produtores.
O debate sobre um novo marco regulatório, para as reservas de présal, tem sido pano de fundo para se propor a mudança das regras do jogo no campo da produção em áreas offshore convencionais. Somos contrários a esta condução, propondo uma faixa de reserva de 40% dos recursos do pré-sal, para fixação dos royalties pelos critérios atuais, em que os 60% restantes se destinariam ao formato analisado pelo governo federal.
O sistema que regula o pagamento das indenizações não é fruto de um emaranhado de leis e decretos. A Constituição determina que Estados e Municípios produtores devem ser indenizados pela exploração dos recursos naturais finitos em sua área ou proximidade. É um texto contemporâneo, prevendo o ressarcimento das regiões afetadas pelos impactos, diretos e indiretos, das atividades de exploração de óleo e gás.
A legislação é clara e não há limites de profundidade estabelecidos pela Constituição: os critérios de fixação dos royalties são válidos para atividades de exploração em águas profundas, ultraprofundas ou abissais, caso das camadas de pré-sal.
A descoberta das novas reservas trouxe à superfície o debate por um novo marco de regulação do setor, mas é preciso ampliar o debate. Estive em Brasília com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que nos detalhou pontos do projeto que será apresentado pelo governo federal, como a criação do Fundo Social e da adoção do conceito de partilha da exploração e produção, contra o modelo atual, de concessão.
Com o sistema da partilha, o óleo pertence à União e as empresas selecionadas são remuneradas com uma parcela fixa da receita ou do óleo. O Estado do Rio de Janeiro teria perdas da ordem de R$ 9 bilhões/ano, caso o governo federal aprove sua proposta.
Os impactos danosos da atividade de exploração e produção de petróleo seriam os mesmos, mas a infraestrutura pública e sua rede de atenção social registrariam perda da qualidade e de investimentos, com a queda da arrecadação.
A mobilização da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) e da bancada fluminense no Congresso é propositiva e trabalha com uma ideia que vem sendo intensivamente discutida. Vamos ampliar este debate e levar a proposta da faixa de reserva de 40% do pré-sal para o maior número possível de pessoas, esclarecendo nossa visão sobre a viabilidade desta iniciativa.
A alteração do atual modelo representa um contrassenso e gera instabilidade desnecessária que pode afetar a imagem do Brasil. O momento é de busca da unidade e de consenso, porque o ambiente de indecisões não interessa a ninguém e, ao fim, pode atrasar o desenvolvimento das reservas do pré-sal brasileiro.
2 Comente aqui:
Chega de o governo federal de levar o nosso dinheiro. Rosinha está de parabéns
Rosinha foi uma das mais importantes lideranças que este estado já teve. Infelizmente hoje convivemos com um governo ausente, omisso, que inaugura obras iniciadas no governo Garotinho/Rosinha como se fosse dele. Uma vergonha!
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