Gripe revela a bagunça e UPAs de Cabral viram Unidades de PÉSSIMO Atendimento

A propalada integração entre o governo do Estado e a prefeitura virou bagunça diante da primeira crise. O medo da gripe suína lotou hospitais municipais que, sem condições de atender o público, empurravam a população para as UPAs, locais onde o serviço era ainda pior.


As UPAs já começam a ser chamadas de Unidades de Péssimo Atendimento.


A bagunça aparece retratada na reportagem do Globo de hoje (quem diria):

O jogo de empurra na gripe

Hospital municipal manda pacientes com sintomas da doença para unidade estadual

O vírus H1N1 ganhou novos aliados na sua disseminação. As informações desencontradas e o jogo de empurra em unidades municipais e estaduais têm dificultado o atendimento de pacientes com suspeita de gripe suína.

Ontem de manhã, o movimento era normal no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, onde serventes e maqueiros usavam máscaras cirúrgicas. Porém, um cartaz ao lado da recepção da emergência orientava pessoas com sintomas de gripe a procurarem a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Botafogo, administrada pelo estado.

Funcionários do hospital não sabiam dizer se havia na unidade o Tamiflu, antiviral usado no tratamento da gripe suína. Um repórter do GLOBO, que se passou por parente de uma pessoa com suspeita da gripe, conseguiu falar com uma médica de plantão, que pediu para conferir se havia o remédio na farmácia do Miguel Couto.

- Isso daí você só vai achar em farmácia particular - disse o farmacêutico, embora o Ministério da Saúde não recomende a automedicação e as farmácias não estejam vendendo o medicamento.

Na UPA de Botafogo, onde o movimento era intenso por volta das 11h30m de ontem, a informação sobre o medicamento era outra:

- Se, depois da avaliação médica, houver suspeita de gripe suína e o médico achar necessário, ele pedirá o medicamento à Fiocruz.

O desamparo dos pacientes não ficou restrito aos corredores e salas do Miguel Couto, estendendo-se a algumas das principais unidades de saúde da Zona Norte. No Posto de Atendimento Médico (PAM) de Del Castilho - perto da Favela do Pedrosa, onde foi confirmada a primeira morte em decorrência de gripe suína no Rio - a espera por atendimento chegava a cinco horas. Além disso, a farmácia da unidade estava fechada.

- Chegamos às 11h30m e, até agora (às 16h47m), minha filha, de 13 anos, que está com febre de 40 graus, além de dores no corpo e muita tosse, ainda não foi atendida. A moça disse que ia demorar porque havia apenas um médico no hospital. Saímos de casa às 9h e estamos sem comer nada - contou, com a voz abafada pela máscara, Ana Paula da Silva, de 37 anos.

Na UPA de Manguinhos, mães que chegavam com crianças apresentando sintomas da gripe, ontem à tarde, tinham de dar meia-volta. No lugar onde era feita a triagem dos pacientes, um aviso com os endereços das UPAs do Engenho Novo e da Tijuca era o cartão de visita do jogo de empurra. Adultos tinham de aguardar por até três horas para serem recebidos pelos dois médicos plantonistas.

- Estamos sem pediatria. Nada, nada, nada. Dá um pulo na UPA da Tijuca ou na do Engenho Novo - sugeria o funcionário.

O motoboy Rafael Maia, de 24 anos, ficou quase cinco horas na fila da UPA de Manguinhos: - Tive febre e tosse durante a noite. Eu mofei na fila, mas o médico me examinou rapidinho, passou um xarope, vitamina C, e pronto. Ele me mandou voltar para casa. Teve gente que desistiu de esperar - disse ele, que também estava de máscara.


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