Os novos bondes de Santa Teresa estão fora dos trilhos. Ontem, após encontro com o prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral anunciou que o serviço será repassado à prefeitura. Ou seja, tira o corpo fora e joga o serviço precário para outro administrador que também continuará com o descaso.
Mais sofisticados que os antigos bondinhos, eles quebram quatro vezes mais que as antigas composições. Questionado sobre a eficiência dos novos bondes, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, admitiu que as falhas são provocadas pela “precariedade” do sistema: “A rede (elétrica) atual tem tantos problemas que não está preparada para receber os novos bondes”.
Em nota, a T’Trans, responsável pelas mudanças, descartou a possibilidade de falhas no sistema.
O jornal O Dia mostra um dia de (des) funcionamento de um bonde em Santa Tereza. Leia abaixo trecho da reportagem:
Novo, mas menos eficiente
Um dia depois do acidente que provocou a morte de uma mulher e deixou oito passageiros feridos, equipe de O DIA embarcou nos dois bondes e refez o percurso entre a Rua Paula Matos e a estação da Carioca, no Centro. Enquanto a viagem no ‘velho’ bonde foi interrompida três vezes por falhas no sistema, o trajeto na nova composição — idêntica à do acidente — parou 12 vezes.
Além dos riscos de novas tragédias, os problemas provocam atrasos no percurso. A viagem, que no bonde antigo demorou cerca de 40 minutos, não é feita em menos de uma hora nos novos. Ontem, após encontro com o prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral anunciou que o serviço será repassado à prefeitura.
Preocupados com os riscos de outros acidentes, maquinistas reforçam as críticas às novas composições. “No sistema velho tinha um freio manual que nos permitia parar de repente. Hoje, a cada marcha que passamos aumenta a velocidade. Para pará-lo, precisamos reduzi-las até que o computador entenda que queremos parar. É como ter que baixar da 5ª marcha (dependendo da velocidade) até a 1ª, o que torna o sistema (de frenagem) mais lento”, explicou um maquinista.
“Antes tínhamos os bondes nas mãos. Agora nós é que estamos nas mãos dos bondes”, resumiu outro condutor, que também não quis se identificar.
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Pobre, Rio. Nem um dos mais belos transportes da cidade escapa do descaso.
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