El País: "Rio, cidade de Deus e do Diabo"


E a violência no Rio de Janeiro do (des) governador Sérgio Cabral continua, infelizmente, da pior maneira possível, sendo notícia nos jornais internacionais.

Leia abaixo reportagem do Globo On Line sobre a repercussão da violência no tradicional diário El País, da Espanha:

Rio de Janeiro cidade de Deus e do diabo
Depois de o repórter Francho Barón, do jornal espanhol "El País", relatar seu drama ao ser revistado por bandidos do Morros dos Macacos , o diário publicou novamente uma reportagem criticando a cidade: "Rio de Janeiro cidade de Deus e do diabo".

Desta vez, cinco páginas da revista dominical do jornal escritas por Bernardo Gutiérrez foram dedicadas à violência na cidade, citando, inclusive, a omissão das favelas cariocas no vídeo de apresentação da candidatura brasileira aos Jogos Olímpicos de 2016.

Segundo a reportagem, o "El País" entrou "em um inferno de 700 favelas, em um campo de batalhas entre policiais, paramilitares, e narcotraficantes, com quase 20 homicídios por dia."

O jornalista conta histórias como a de uma criança que morreu em abril vítima de uma bala perdida e ressalta que, segundo o Instituto de Segurança Pública, 56 pessoas morreram da mesma forma que a menina.

"Nada de novo. É somente a ponta do iceberg de uma estatística brutal: segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, 7.098 pessoas foram assassinadas no Estado do Rio no ano passado. É dizer que são quase 20 homicídios diários", relata o repórter.

Gutiérrez ainda diz que "esta Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil significa enfrentar um dos mais complexos quebra-cabeças de violência do mundo".

A reportagem descreve tiroteios comuns na cidade, como um presenciado pelo repórter na Rua Almirante Alexandrino, em Santa Teresa. Rica em detalhes, a publicação fala sobre o armamento usado tanto pelo tráfico quanto pela polícia, como o fuzil "M16 (a favorita do Exército americano) e alguns FN LAN (usados na guerra de Angola)".

O funcionamento e a guerra entre as facções criminosas, a polícia e as milícias também são expostos na publicação. O drama vivido pelos cariocas em relação aos policias corruptos é mencionado e até a mudança de pensamento e ideais dos traficantes.

"Não restam personagens como Marcinho VP, que garantiu em 1996 a segurança de Michael Jackson na gravação do vídeo 'They don't care about us' no Santa Marta", diz o jornal. "Marcinho foi uma exceção", completa Gutiérrez, informando que um estudo revela que 70% dos jovens traficantes do Complexo da Maré não têm interesse político.

A polêmica sobre o uso dos blindados na cidade recebeu grande destaque na publicação. "A palavra da discórdia é caveirão". A reportagem ressalta os supostos excessos cometidos pelos carros à prova de balas usados pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais): "insultos pelo alto-falante, jovens assassinados presos nos ganchos do veículo". As denúncias sobre os blindados na reportagem são baseadas num relatório da Anistia Internacional.

O jornal espanhol ainda lembra que em 2006 o presidente Lula autorizou o envio do Exército às favelas do Rio e que semanas antes dos Jogos do Pan, em 2007, a Polícia Militar invadiu o Complexo do Alemão com 1.300 homens, resultando na morte de 30 pessoas e 60 feridos. Além disso, destaca a confirmação da secretaria de Direitos Humanos de que várias das mortes foram "execuções arbitrárias". "O Pan é recordado no Rio como o Pandemônio".

Após mapear o crime organizado da cidade, o repórter resume: "A equação está quase completa. A Zona Norte é tomada por traficantes. A Zona Oeste, conquistada pelas milícias. Nas favelas da Zona Sul, alguns pontos do tráfico. Em toda a cidade, a população pobre à mercê dos abusos de um lado ou de outro."

Para concluir, Gutiérrez diz que Governo do Rio exibiu para o Comitê Olímpico Internacional um vídeo que ocultava as favelas. "Até a histórica Mangueira, ao lado do estádio do Maracanã. O vídeo não mostrava os muros que estão sendo construídos em 13 favelas do Rio, 'para proteger a natureza' (versão oficial).' E também faz uma dura crítica aos cariocas: "A maioria dos cariocas olha por outro lado. Não quer falar da violência."

1 Comente aqui:

Alvaro disse...

Muito triste ver o Rio aparecer assim no exterior. principalmente depois da grande vitoria das Olimpíadas.