Juízes criticam invasões de comunidades pela PM de Cabral

Reportagem publicada hoje no Jornal do Brasil revela que os juízes são contrários a invasões de comunidades pela polícia de Sérgio Cabral.

Leiam abaixo a reportagem

A política do governo estadual de enfrentamento do tráfico de drogas é o tema de um debate hoje no auditório da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj). Da discussão, deve surgir um abaixo-assinado em protesto contra a estratégia de combate da violência, a ser entregue ao governador e ao secretário estadual de Segurança.

De acordo com a juíza Denise Apolinária dos Reis de Oliveira, da 1ª Vara Cível de Alcântara, em São Gonçalo (Região Metropolitana), que participará das discussões, a população das comunidades pobres corre muitos riscos a cada investida policial.

– Não moro nesses locais, meus filhos não estudam nas escolas que são rotineiramente fechadas por conta de tiroteios, e estou indignada com essa situação. São seres humanos, que têm suas vidas expostas ao perigo por conta de uma política com resultados até agora nulos – indignou-se Denise Apolinária.

Ela afirmou que o protesto será levado ao alto escalão:

– Colheremos assinaturas, com o número título eleitoral anexado, e penso em enviar ao governador Sergio Cabral e ao secretário de Segurança Pública, José mariano Beltrame. Vamos mostrar o descontentamento e a indignação, que se não forem ouvidos, podem resultar em um revés eleitoral – afirmou a magistrada.

Para a juíza, o fórum deve servir como um ponto de virada na forma como os diferentes segmentos da sociedade reclamam modificações na política governamental.

– Pretendemos transformar a mobilização gerada pelas discussões desse fórum em um movimento concreto, contra essa política de enfrentamento do Estado, que transforma lugares onde vivem trabalhadores em praças de guerra. Só abraçar o Cristo Redentor não adianta muito coisa – disse a juíza.

Outro tema que está na pauta de discussões do Fórum de hoje é a questão da legalização de entorpecentes. Uma das que levanta essa bandeira, a juíza aposentada Maria Lúcia Karam, integrante da mesa de discussão, defende sua posição:

– Trataremos da necessidade de legalização, o que implica em controle da produção e do comércio e num consequente enfraquecimento do tráfico de drogas. Isso deve acontecer nos próximos dez anos. São anos de repressão com resultados e eficácia inexistentes. O consumo de entorpecentes continua, no mínimo, igual – justificou a juíza aposentada.

Outro argumento utilizado por Maria Lúcia é a beligerância dos traficantes de drogas. Segundo ela, no comércio de álcool e tabaco não existe violência.

– O ponto mais importante em favor da legalização é a violência causada pelo mercado ilegal. Mercado esse que alimenta a corrupção, pois movimenta muito dinheiro – disse Maria Lúcia.

Violência em Acari

O integrante da ONG Rede Contra a Violência José Faria da Silva afirmou nesta terça-feira que tem sofrido perseguição de policiais.

– Sou pai de uma vítima de bala perdida e me envolvi na luta pelos direitos humanos. Por isso, sofro ameaças e minha casa foi invadida. Mas não deixo de gritar contra essa política equivocada. Aqui é tiro pra todo lado, diariamente. Uns cinco morrem a cada semana – disse ele, morador da Favela de Acari, em Irajá (Zona Norte).

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