ONU critica política de matar primeiro e perguntar depois implantada por Sérgio Cabral

Nós também achamos inaceitável o número de mortes no Rio, principalmente nas últimas semanas.

Defendemos a troca imediata da política de enfrentamento pela política de inteligência. Infelizmente, o (des) governador Sérgio Cabral pensa ao contrário e acha que é John Wayne, o mais famoso caubói do cinema.

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Número de mortes por violência no Rio é inaceitável, diz ONU

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As mortes cometidas pela polícia do Rio nos últimos anos representam um número "inaceitavelmente alto" e as autoridades precisam agir para que haja uma mudança, disse nesta terça-feira a principal autoridade de direitos humanos da ONU.

"Sei que o governo fez algumas coisas para mudar a forma de policiamento, mas ainda existe um número inaceitavelmente alto de violência e mortes, especialmente por força do governo. Isso precisa ser enfrentado", disse a jornalistas a sul-africana Navi Pillay, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

De acordo com dados oficiais do Instituto de Segurança Pública do Rio, a polícia matou 1.137 pessoas em 2008 em confrontos, nos chamados "autos de resistência". De janeiro a setembro deste ano, os mortos pela polícia chegaram a 805, mantendo uma média de três mortos por dia.

Dados do ISP indicam que nos últimos 10 anos foram mais de 10 mil mortes cometidas pela polícia, com um aumento nos últimos anos durante a chamada "política de enfrentamento" do atual governo estadual.

Durante escala no Rio de sua primeira viagem ao Brasil, Pillay visitou uma das cinco favelas da cidade em que a polícia conseguiu expulsar traficantes de drogas. Apesar de ter elogiado a iniciativa, ela disse estar atenta aos altos índices de violência nas outras centenas de favelas.

"Me parece que essas medidas estão tendo efeito, porque nessa favela nós não encontramos os níveis inaceitáveis de violência e mortes que acontecem em outras favelas", disse Pillay no alto do Morro Dona Marta, após conhecer o projeto de polícia pacificadora e ouvir a opinião dos moradores.

"Meu escritório faz um acompanhamento muito próximo do que ocorre em todas as favelas, nós temos informações do que está acontecendo em todos esses lugares. Temos um contato muito próximo com as comunidades civis", acrescentou.

No mês passado, ao menos 42 pessoas morreram apenas em uma semana durante onda de violência iniciada após traficantes terem derrubado um helicóptero da polícia, despertando operações policiais em várias favelas da cidade.

Pillay também esteve com o governador Sérgio Cabral e disse ter recebido uma promessa de que os crimes cometidos pelos policias não ficarão impunes. Segunda ela, o governador também disse que pretende aumentar o salário dos policiais, uma questão considerada por especialistas como chave para a melhora da qualidade policial.

"Fiquei bastante encorajada pela reunião com o governador. Ele afirmou que não vai tolerar a impunidade para os assassinatos cometidos por agentes do Estado", disse ela, que esteve em Salvador na segunda-feira e encerrará sua passagem pelo país em Brasília, onde ficará até sexta-feira.

Na visita ao Dona Marta, a sul-africana teve a companhia do secretário Estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que deu explicações sobre como a polícia age desde novembro de 2008 na comunidade, após ter expulsado os chefes do tráfico de drogas.

Questionado sobre as mortes cometidas pela polícia, Beltrame respondeu a jornalistas: "Essa é a problemática e nós não escondemos a questão difícil que é enfrentar o narcotráfico", disse.

"Aqui no Rio de Janeiro nós temos um problema complexo com o narcotráfico, porque ele é armado com armas de calibre das Forças Armadas, com munição de Forças Armadas, com uma ideologia de facção. O que nós temos aqui é diferente de qualquer outro lugar", afirmou.

Pillay, que tomou posse como alta comissária de Direitos Humanos em julho de 2008, disse que está no Brasil para formular suas impressões sobre a situação dos direitos humanos no país.

Em 2008, o relator da ONU para Execuções Sumárias, Arbitrárias e Extrajudiciais, Phillip Alston, também criticou o modelo das ações polícias no Rio em um relatório compilado após viagem ao país.

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