Família é expulsa de casa na Vila Kennedy por causa da guerra
A violência no Rio de Janeiro a cada dia rende histórias inacreditáveis. Como esta abaixo que ocorreu na Vila Kennedy, publicada no jornal O Dia.
Na terça-feira, terceiro dia de batalhas pelo território, dominado por uma facção e invadido no domingo pela rival, moradores da região voltaram a viver momentos de pânico. Por causa dos tiroteios, três postos de saúde não abriram as portas, três linhas de ônibus deixaram de circular pela região e mais 8 mil alunos ficaram sem aulas.
Enquanto traficantes conversam pelo rádio, a guerra na Vila Kennedy faz exilados entre moradores: família alugou um caminhão de mudança e saiu às pressas, deixando sua casa vazia. “Nossa casa fica na linha de fogo. Não aguentamos mais”, desabafou uma dona de casa, mãe de um menino de 10 anos e outro de 3.
Leiam abaixo:
Diálogos no centro da guerra
Gravação telefônica interceptada pela Polícia Civil no início do mês passado revela a importância para o tráfico de drogas do controle da Vila Kennedy, favela mais próxima ao Complexo de Gericinó. No diálogo feito com radiotransmissores por meio de central instalada na comunidade, bandidos, de dentro e fora da cadeia, discutem um assassinato.
A escuta telefônica, feita com autorização da Justiça, flagrou a conversa entre o chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, Fabiano Atanásio da Silva, o FB, e uma ‘comissão’ de presos de Bangu 3. O primeiro cobra explicações de um dos detentos, Carlos Henrique dos Santos Gravini, o Rato da Cidade Alta. Preso desde fevereiro de 2008, ele teria dado a ordem para matar um comparsa de FB, identificado como Dentinho.
As conversas mostram que, além da farra de rádios dentro das cadeias, os traficantes usam outro artifício para dar e receber recados: os advogados. Revoltado com Rato, que teria dado a ordem a dois bandidos da Cidade Alta, FB pede providências à ‘comissão’ e, após perder a paciência, resolve percorrer outro caminho para resolver o caso.
O chefão da Vila Cruzeiro liga para um advogado de Rato e avisa que vai enviar mensagem, através de outro advogado, identificado como ‘Doutor F.’, para que a situação seja resolvida pela cúpula da facção, que está no presídio de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná. “O doutor F. tá vindo aqui, vou mandar um toque pro mano lá no Paraná. Esse moleque aí já tá demais, esse tal de Rato”, berra FB.
A polícia investiga se o recado chegou a Catanduvas, onde estão Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP; e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, chefões do tráfico nos complexos do Alemão e da Penha. O fato é que Rato, desde o dia 13, pediu para sair do convívio com detentos na galeria B e está numa cela para presos ameaçados, em outra galeria de Bangu 3.
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