Editorial de uma crônica anunciada: o torcedor vai continuar sofrendo (e morrendo)

Esse blog assina embaixo o editorial do Jornal do Brasil que indaga até quando teremos que aguardar por providências das autoridades em relação à insegurança nos estádios e nas comemorações de vitórias ou derrotas de nossos clubes de futebol.

Infelizmente, parece que nós todos sabemos a resposta: tudo continuará como antes até mais uma tragédia anunciada acontecer. E, novamente infelizmente, teremos governadores, como Sérgio Cabral, dizendo que a polícia estava onde não estava. O futebol é uma caixinha de surpresa. A falta de preparo das autoridades de segurança pública não é surpresa para ninguém.

Para que esperar por 2014?

Editorial, Jornal do Brasil

RIO - A imensa maioria dos torcedores do Flamengo e do Fluminense estão festejando, com toda a razão e justiça, o título brasileiro e a permanência na Série A, respectivamente. Mas as autoridades de segurança pública do Rio e de Curitiba nada têm a comemorar. Precisam, isto sim, arregaçar as mangas e dar uma resposta rápida sobre os graves incidentes que aconteceram depois das partidas de anteontem: a invasão de campo no Estádio Couto Pereira, em que torcedores agrediram covardemente os policiais, e a briga e os atos de vandalismo no Leblon, durante a comemoração da torcida do Flamengo.

Como Rio e Curitiba são sedes confirmadas da Copa do Mundo de 2014, não faltarão comentários das mídias europeia e americana sobre os riscos para esse megaevento. Essa cantilena é recorrente. Mas nossa preocupação não deve ser com a Copa. Quem acompanhou os bastidores do Pan-Americano sabe bem que, à exceção da Cidade do Rock, destruída por uma chuva com ventania, não houve qualquer problema de segurança, nenhum registro de incidentes com atletas, nada que suscitasse qualquer reprimenda estrangeira ao Co-Rio, organizador do evento. Nos grandes eventos, como na Rio-92, tudo é muito bem preparado e, no fim, funciona.

O que é preciso perguntar hoje às autoridades é: por que precisamos esperar até 2014 para não termos mais de lamentar perdas, inclusive de vidas humanas, em situações ligadas a futebol? Por que não se inicia já nos Estaduais de 2010 um trabalho intensivo de inteligência para que os problemas sejam antecipados pela polícia e ou não aconteçam, ou sejam bem minimizados?

O que se viu anteontem, no Estádio Couto Pereira, foi uma polícia que evidentemente não estava preparada para conter um movimento agressivo da massa. É até compreensível, porque não há muitos registros de violência nos estádios paranaenses. Por outro lado, sabia-se que o Coritiba podia ser rebaixado e, numa situação dessas, a turba vira um rastro de pólvora que um grito mais alto é capaz de acender. E, talvez o mais importante, sabe-se que futebol é capaz de transformar as pessoas. Vide o exemplo do gentleman e economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que após um jogo do seu Palmeiras disse que iria agredir fisicamente o árbitro se o encontrasse.

Também no Rio já se sabe, desde que o futebol é futebol, que nas comemorações de título as torcidas fecham o Túnel Rebouças, fazem dentro dele um buzinaço e depois seguem para o Leblon. E que, quando o campeão em questão é o Flamengo, pela quantidade de aficcionados, o problema se multiplica por dez.

Após horas ingerindo bebida, um pisão no pé pode desencadear o vandalismo que o bairro da Zona Sul carioca viu na noite de domingo. Por que não havia um plano das secretarias de polícia e de trânsito para a eventualidade de título do Flamengo? Por que não foram interditados os cinco quarteirões que os torcedores ocuparam – o que teria evitado a morte de um jovem de 26 anos, atropelado por um despreparado motorista de caminhão?

Se é que é possível tirar algo de bom dos dois incidentes, que seja a antecipação para o mais breve possível de um esquema de policiamento dentro e fora dos estádios que garanta segurança aos torcedores e que seja mantido não só até Copa de 2014. Mas para sempre.




5 Comente aqui:

Vilma disse...

O torcedor sofre para entrar nos estádios, não consegue ver os jogos, apanha da polícia e ainda corre risco de morte no trajeto até em casa. E onde está segurança pública? Nos quarteis, dormindo, ou vendo os jogos???

Leandro disse...

O problema não fazer a Copa do Mundo nem as Olimpiafdas. Nessas ocasiões, dão jeito na segurança. O problema é a falta de segurança no dia a dia....

Carlos Frederico disse...

Todo mundo sabia que daria em confusão a festa do Flamengo no Leblon e na Gávea, porque várias facções de torcedores adversárias estariam presentes. E deu no que deu. Um bando de vândalos brigando entre si e a polícia aonde estava? Ninguém sabe, ninguém viu

Ednei disse...

Estive no Maracanã e vi de perto a humilhação que os torcedores passaram nas mãos da polícia

Roberto Martins disse...

Eu nunca mais piso no Maracanaã. Aquilo foi um suicídio coletivo.