Nem os milhões de reais despejados pelo (des) governador Sérgio Cabral em publicidade em jornais e televisão são capazes de desmentir a realidade de suas UPAs (Unidades Precárias de Atendimento).
Leiam abaixo o que ocorre na unidade da Tijuca, segundo reportagem da edição local do jornal O Globo.
Vergonhoso!
Cinco horas de espera e atendimento falho na UPA da Tijuca
Logo na entrada da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca, a informação da recepcionista soa familiar para quem só pode recorrer à saúde pública:
— Vai demorar bastante. Tem todas estas pessoas que você está vendo aí para serem atendidas antes.
Na quarta-feira da semana passada, dia 23, havia cerca de 55 pessoas sentadas e mais 15 em pé na unidade — que completou dois anos em junho —, entre elas idosos e crianças. Eu mesma fui uma das que ficou esperando por atendimento. Os pacientes não paravam de chegar, e o tempo médio de espera era de quatro horas.
— O atendimento está horrível. Ainda bem que a minha patroa vai fazer um plano de saúde para mim, porque não dá para depender da saúde pública — disse a doméstica Antônia de Almeida, de 49 anos.
Hipertensa, Antônia chegou à unidade às 11h, com dor de cabeça, dor de estômago e mal-estar. Só foi atendida depois das 16h, quando sua pressão já estava num estágio crítico: 18 por 10. Após ser medicada, recebeu uma prescrição de analgésico contra a dor de estômago. O médico que atendeu Antônia não lhe pediu qualquer exame para investigar as causas do problema, nem a encaminhou a um especialista.
Um atendimento paliativo, após muita espera, também foi o que ocorreu com a estudante Ingrid de Freitas, de 20 anos, que aguardou das 8h ao meio-dia para que seu bebê de 1 ano e 7 meses, com tosse e febre, fosse atendido. Foi logo informada de que não havia remédio contra febre, e que teria de comprar.
— Não me disseram o que ela tem, nem pediram para voltar — contou Ingrid, que recebeu uma caixa de antibiótico para dar à filha, mesmo sem um diagnóstico preciso.
O número de atendimentos na UPA da Tijuca só aumentou este ano. Em fevereiro, foram 9.300 pessoas; em março, 11.064; em abril, 12.535; e, em maio, 13.741.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, as UPAs não substituem o que é mais deficitário na saúde pública do estado: a rede de atenção básica, composta pelos postos e pelo programa de saúde da família.
— As UPAs não têm efeito resolutivo, apenas empurram o paciente para um outro médico ou hospital. A atual estrutura de medicina preventiva da Região Metropolitana do Rio só atende a 6% da população. Ou seja, pratica-se muito pouca medicina preventiva no estado, o que é um absurdo — afirma Darze, acrescentando que a UPA da Tijuca sofre com a falta de clínicos gerais e de pediatras.
A falta de médicos especialistas, aliás, é uma reclamação comum. Na semana passada, a diarista Ana Claudia, que preferiu não dar o sobrenome, aguardou três horas na UPA da Tijuca para ser atendida. Ela sentia dores abdominais e nas costas. Quando foi chamada, foi vista por um clínico geral, e não por um ginecologista ou um ortopedista, especialidades que já havia procurado em hospitais gerais da rede pública, sem sucesso.
Ana Claudia foi embora da UPA Tijuca sem saber o que tinha e sem esperar pelo exame de urina, que levaria mais duas horas para ficar pronto.
— Nós, que somos pobres, não precisamos só de clínico, precisamos de médico especializado também. Vou ter que pagar consulta particular, nem sei como. Mas não posso ficar tão mal de saúde, senão não consigo nem trabalhar. Já tinham me dito que era demorado aqui, agora sei que não vale a pena — disse ela, que tem uma filha de 9 anos.
Na quarta-feira passada, dia 23, quando estive na UPA da Tijuca, foram cadastradas ao todo 557 pessoas. Não é possível saber, entretanto, quantas foram de fato atendidas, porque há desistências, devido à demora.
Esta reportagem está na edição de hoje do GLOBO-Tijuca.
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moro perto e todo dia tem fila e bagunça na porta
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