Em entrevista ao Jornal do Brasil, Fernando Peregrino faz críticas ao (des) governo Cabral e fala de seus planos para o Governo do Rio


O candidato do Partido da República (PR) ao Governo do Estado do Rio, professor Fernando Peregrino, é o destaque de hoje na edição do Jornal do Brasil, que abre série de entrevistas com os candidatos fluminenses.

Em entrevista de uma página, Peregrino fala do desafio em substituir Anthony Garotinho na candidatura do PR, expõe seus planos para o governo e faz duras e verdadeiras críticas ao (des) governo Sérgio Cabral.

Da retaguarda à linha de frente


A partir de hoje, o JB inicia uma série de entrevistas exclusivas com candidatos ao governo do estado do Rio. A primeira da série é com Fernando Peregrino.


Com mais de 40 anos dedicados à política, Peregrino está diante de seu maior desafio. Substituindo Garotinho na candidatura ao governo pelo PR, o ex-presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio se considera o único concorrente de esquerda das eleições - e acredita numa transferência de votos do ex-governador para chegar ao segundo turno.


O senhor ficou surpreso com sua candidatura? - Foi um desfecho que a gente não queria, mas que tem que se resignar a ter. A perseguição ao Garotinho, sobretudo no último mês, quando se avizinhou a inscrição, desabou um esquema composto por agentes econômicos e políticos que se propuseram a retirá-lo da campanha. Temiam que ele, sendo candidato, pudesse desconstruir o governo Cabral. Na última semana, cogitou-se eu ser vice dele, mas ao final não havia mais condições, era precisomudar um pouco a rota, para mais na frente retomá-la. Como tenho ligações com ele, na corrente trabalhista, nacionalista, ele me incumbiu disso. Sei que os militantes ficaram decepcionados - eu também. Ficamos frustrados, mas as ideias são as mesmas, o plano é o mesmo, e minha capacidade de implementar está à altura do desafio.


As últimas projeções em que Garotinho aparecia como candidato a governador o colocavam num patamar de 20% dos votos. Sem ele, Cabral aparece com larga vantagem. É possível chegar ao percentual de Garotinho? - Sim, a capacidade de transferir votos dele já é reconhecida. Transferiu para o Lula no segundo turno das eleições de 2002, para Rosinha, na disputa pelo governo do estado, elegeu a filha dele (Clarissa Garotinho) a vereadora mais votada do PMDB, praticamente fez com que Rosinha voltasse a prefeitura de Campos... A própria vitória do Cabral, transferindo votos do interior. Acredito que a gente vai levar essa campanha para o segundo turno.


Qual será a linha da sua campanha? - Vamos fazer o que Garotinho fez - mais e melhor. Ele reconfigurou a economia do Rio, que ficou mais bem distribuída, com empresas implantadas em vários lugares, não apenas na capital. Éramos uma economia de serviços, decadente. O PIB do interior correspondia a 38% do PIB do estado, e depois dos governos Garotinho e Rosinha, pulou para quase 60%. Foram vários investimentos na retomada de polos industriais como a siderurgia, o pólo gás-quimico, o pólo automobilistico, de vestuário na região Serrana, da indústria naval...Queremos avançar, transformar o Rio na capital do pré-sal, por que temos o petróleo, temos a tecnologia, temos mão de obra qualificada, todos os elementos para implantar a cadeia produtiva do pré-sal.


O senhor tem feito críticas duras ao governo Cabral. Essa será uma das linhas da campanha? - As falhas do Cabral são muito visíveis, ele usa práticas pouco republicanas. Não pode haver permissividade entre público e privado, como o convívio na mesma família entre poder concedente e poder concessionário, como no caso do metrô e da Supervia. Outra prática é a transgressão dos gastos de publicidade vedados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Cabral gasta hoje mais em publicidade do que a média dos últimos três anos. São cerca de R$ 170 milhões - mais que o dobro do que foi gasto entre 2007 e 2009.


O senhor ainda guarda alguma mágoa de Cabral? - Sim, por que assisti ele cooptando pessoas com cargos, mas sobretudo por ele ter sido eleito com os votos de Rosinha e Garotinho, e, no primeiro momento, ter feito oposição cerrada aos projetos dos governos anteriores.


Como o senhor se posiciona entre as candidaturas de Cabral e Gabeira? - Nós somos a primeira ou segunda força política do estado, com partido organizado em 92 municípios e a maior liderança viva do Rio. Garotinho é herdeiro do papel de Brizola no estado. Tenho convicção de que vamos polarizar. Em um mês, vamos alcançar 10% a 15% do eleitorado, e vamos disputar o segundo turno.


Quais serão as principais propostas de campanha? - Queremos usar 50% do Fundo de Pobreza para construir 100 mil casas populares, cada uma ao custo de R$ 50 mil. Também vamos retomar o modelo dos Cieps, com educação em período integral e formação continuada dos professores. Nós retrocedemos no último Ideb, chegamos ao mesmo patamar do Piauí, que não tem as mesmas universidades, centros de pesquisa que o Rio. Cabral confundiu entrega de laptops aos professores com implantação de políticas educacionais. Vamos rever e questionar as expansões das concessões do Metrô e da Supervia, até porque o serviço que está sendo prestado não justifica nem a manutenção da presente concessão.


As Unidades de Polícia Pacificadora, carros-chefes do governo Cabral, serão mantidas? - As UPPs são um modelo capenga. Nunca vi um sistema que quer reprimir o criminoso anunciar que vai prendê-lo, ou que vai entrar no reduto onde ele tem controle. O número de drogas e armas apreendidas diminuiu, e o número de bandidos presos também. A criminalidade começou a aumentar, sobretudo no interior. É preciso policiamento, mas também prestação de serviços. Por isso, o melhor modelo é o Centro Comunitário de Defesa da Cidadania. Policial não pode ser assistente social, não é sua função.


Como será sua campanha na internet? - Já comecei a twittar, meu endereço é @fperegrino1. Mas eu gosto mais do blog, dá para elaborar mais o pensamento. Vamos montar um portal e usar muito a internet. Eu fui, inclusive, um pioneiro aqui no estado, já que à frente da Faperj montei a primeira plataforma utilizada para transmissão de dados do Rio, utilizada durante a Conferência Mundial de Meio Ambiente, em 1992.


Como vai se dividir a campanha de Dilma Rousseff com Sérgio Cabral? - Eu tenho muito mais afinidade com a Dilma do que ele. Lamento que esteja apoiando o Cabral, mas ela é uma pessoa de esquerda, progressista, foi do PDT como eu, vai me dar apoio, sim. Ela precisa dos votos do Garotinho no Rio, e os votos dele são meus votos também.

1 Comente aqui:

Maria Eduarda disse...

Muito boa a entrevista. Parabéns, Peregrino. Garotinho é Peregrino. Rumo a vitória.