O jornal Valor Econômico dá destaque para uma entrevista exclusiva do ex-governador Anthony Garotinho, na qual ele aponta as mazelas do atual governador, Sérgio Cabral, diz que o “Rio está sendo roubado” na questão do pré-sal e fala do seu futuro político.
Autor(es): Paola de Moura
Valor Econômico - 14/12/2009
Nove anos depois de ter deixado o Palácio da Guanabara para disputar a Presidência da República, o ex-governador Anthony Garotinho pavimenta seu retorno com o impasse nas negociações sobre royalties do pré-sal. Seja qual for o desfecho da votação no Congresso, o discurso já está pronto: o atual governador e candidato à reeleição, Sérgio Cabral, não foi capaz de evitar perdas na arrecadação do Estado do Rio.
Anthony Garotinho: Sou pré-candidato. Pela lei eleitoral, candidato só posso ser após a convenção do partido em junho.
Garotinho: É pouco provável que eu mude de ideia. Mas, em política, é necessário ter cautela.
Valor: O senhor diz que vai dar apoio à Dilma Roussef . Mas o senhor vai cobrar que ela e Lula subam no seu palanque?
Garotinho: Minha relação com a Dilma é antiga. Nós somos amigos. Estivemos juntos no PDT. É natural que ela suba no meu palanque.
Valor: E o presidente?
Garotinho: O presidente vai subir no meu palanque. Ele me deve isto. Em 1989 eu o apoiei no 2º turno contra o Collor e ele teve 75% dos votos do Rio. Em 1998, fui coordenador da campanha dele aqui e o Rio foi o único Estado em que ele venceu o Fernando Henrique. Em 2002, fui candidato e o bati no 1º turno no Estado, mas, no 2º, transferi 7 milhões de votos. Lula chegou a me sondar para ser ministro. E eu não aceitei.
Valor: Ministro de quê?
Garotinho: Foi só uma sondagem para saber se eu tinha interesse em fazer parte do ministério.
Valor: Cabral recebeu a promessa de Lula de que não haverá acordo do pré-sal que prejudique o Rio. Não é parte do acordo para sua reeleição?
Garotinho: Este apoio do Lula ao Cabral é no mínimo estranho. Que amizade é essa que dá com uma mão [referindo-se ao PAC] e que tira com a outra [referindo-se aos royalties]?
Valor: O senhor não concorda com a decisão de Cabral de esperar decisão de Lula sobre os royalties?
Garotinho: É uma postura infeliz. O Rio já está sendo prejudicado. Sou contra todas as mudanças do pré-sal, das licitadas e não licitadas. Os royalties são indenização aos Estados e municípios produtores. O Rio está sendo roubado. Acredito que qualquer mudança é inconstitucional e que o Supremo vá acatar a ação que vai ser impetrada pela Rosinha e os municípios do Norte [Fluminense] e impedir esta votação. O governador errou. Não soube negociar. Devia ter se manifestado desde o início. Agora eu confio no Supremo.
Valor: O senhor está num partido menor, o PR. Como espera governar?
Garotinho: Quando eu ganhei a eleição, o PMDB no Rio não era nada. Fiz o PMDB do Rio. Agora vou eleger pelo menos 14 deputados do PR. E teremos um senador, o deputado federal Pastor Manoel Ferreira, presidente da Assembleia de Deus. Em 2002, ele ficou logo atrás do [senador Marcelo] Crivella .
Valor: O seu apoio e associação às igrejas evangélicas não pode de alguma forma aumentar sua rejeição frente a outros eleitores?
Garotinho: Mas eu também tenho um bom diálogo com católicos. Visitei o bispo de Petrópolis na semana passada, D. Felipe Santoro e vou me encontrar com o bispo de Volta Redonda. D. João Messi, no dia 18. Sempre fui bem recebido por eles. Ninguém criticou o prefeito Eduardo Paes quando ele foi à Igreja de São Jorge agradecer sua eleição. A maioria dos deputados é católica. Eu não nasci evangélico, escolhi. Fiz uma opção que foi difícil. Eu era marxista. Sofri, foi doloroso. As pessoas associam a fé à ignorância. Não sou ignorante, sou culto. Defendo o Estado laico, não misturo fé com política.
Valor: Mas muitos de seus programas sociais eram distribuidos em igrejas.
Garotinho: Igrejas evangélicas e igrejas católicas.
Valor: O que o senhor acha dos programas do atual governo?
Garotinho: O governo Cabral é um fracasso. Ele acabou com os programas sociais deixados pela Rosinha, como o Jovem da Paz, que ajudava a tirar o jovem do crime; as UPAs, além de caríssima, não funcionam direito; a polícia não é mais treinada, atira primeiro para depois investigar e não é valorizada.
Valor: Mas no seu governo e no de Rosinha, os moradores do Rio também tiveram problemas com violência.
Garotinho: Ninguém imagina que vai acabar com a violência em quatro ou oito anos. No entanto, você tem que ter objetivo, estratégia. A polícia que não é treinada e não investiga, não tem estratégia de longo prazo.
Valor: O senhor não aprova a ocupação dos morros do Rio?
Garotinho: Sim. Fui eu que, em 2002, instalei a sede do Grupamento de Policiamento de Áreas Especiais (Gpae) no morro do Cavalão
9 Comente aqui:
Muito boa a entrevista. Obrigado ao blog por reproduzi-la. Aqui em Italva não encontramos Valor Econômico. Volta, Garotinho, o Estado do Rio precisa muito de você
Concordo com o Garotinho: o governo de Cabral é um fracasso. Pior que o Eduardo Paes nem completou um ano de governo e já mostrou que tb é um fracasso.
Muito boa a entrevista
Garotinho disse umas boas verdades. Agora,vamos botar no ano que vem esse Cabral para fora do Palácio Guanabara. Ele nem vai sentir muito porque não para de viajar para o exterior. Só que ele vai parar de viajar com o nosso dinheiro
Garotinho, que já tem 23% das intenções de votos contra os 29% de Sérgio Cabral, segundo essa pesquisa do GPP, disse muito bem e com todas as letras, que "o Rio está sendo roubado" nessa questão dos royalties do petróleo.
Quero só ver a cara de furioso que vai fazer o Cabral - esse governador de araque, fraco, fracote, fraquinho, de fantasia e rabo preso - quando Rosinha e a Ompetro ganharem essa questão no Supremo. Kkkkkkkk
Volta, Garotinho! O Rio de Janeiro precisa de um governador de verdade! Precisa de vc!
Garotinho tocou no ponto certo. Esse governo Cabral é realmente um fracasso.
Garotinho pegou leve com o Cabral. Ele nem o chamou de incompetente e nem de vagabundo.
Garotinho falou o que todo mundo está sabendo.
Vou discordar do Garotinho porque fracasso é uma palavra suave para descrever o que esse rapaz está fazendo. Aliás, o que NÃO está fazendo
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