População do Rio reclama dos problemas nos transportes públicos
Superlotação e falta de conforto são comuns em trens, barcas e metrô.
Concessionárias, autoridades e especialistas também opinam.
Bernardo Tabak
Da TV Globo, no Rio
O ano de 2009 foi repleto de problemas nos trens, no metrô e nas barcas do Rio, serviços de transporte público concedidos pelo governo do estado às concessionárias SuperVia, Metrô Rio e Barcas S/A. Seguranças da SuperVia usaram os cordões dos crachás para chicotear passageiros, e nas barcas, a demora no embarque provocou quebra-quebra e conflito entre passageiros e policiais militares. No metrô, houve a quebra de um veículo-tanque que levou ao fechamento de três estações, no último mês do ano passado.
E 2010 já teve seus problemas. No último dia 18, uma composição de trem andou por alguns quilômetros, a cerca de 100 km/h, sem maquinista. Falhas na conexão direta Pavuna-Botafogo do metrô levaram até o governador Sérgio Cabral a reclamar: “eu mandei um e-mail desaforado para o presidente do metrô.”
O G1 foi às ruas conversar com usuários desses meios de transporte e procurou autoridades e especialistas para falar dos problemas.
População e especialista fazem críticas
Entre os usuários, as reclamações superam, e muito, os elogios. Superlotação, calor e atrasos lideram o ranking das criticas.
“Quando chove, as barcas demoram muito e, às vezes, param”, conta Maria Teresa Ferreira.
“Disseram que o metrô ia melhorar com a conexão direta Pavuna-Botafogo, mas piorou. Os vagões estão superlotados”, critica o mecânico Ernani Ferreira.
“A gente não pode andar na linha do trem, mas pode andar em um trem-fantasma”, ironiza a doméstica Rose de Oliveira Souza.
Na hora de apontar os culpados, o governo e as concessionárias são os eleitos pelos usuários. Mas sobra também para a própria população fluminense. “A sociedade tem um pouco de culpa. A gente tem que, nas eleições, se juntar, se unir e dar a resposta”, comenta o estoquista Juliano Rosa Santiago.
“O poder público é o culpado da falta de melhorias no transporte. É a ele que cabe as concessões, as fiscalizações. O que falta mesmo é vontade política para resolver os problemas. A vontade tem que sair do poder público, do governo do estado, da Agetransp, que é a agência responsável pela fiscalização”, concluiu o engenheiro Sérgio Balloussier, especialista em transportes.
Agetransp não fala sobre o assunto
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) é a responsável pela fiscalização de trens, barcas e metrô.
A assessoria de comunicação da Agetransp informou que os conselheiros da agência responderam que não iam falar sobre o assunto. Segundo a assessoria, “a função da Agetransp não é procurar culpados, mas sim abrir processos regulatórios”.
A Secretaria Estadual de Transportes ainda não respondeu ao G1.
Concessionárias respondem
“Você não recupera dez anos de falta de investimento em dois anos. Em 2007, fomos convocados para uma renegociação com o governo e acertou-se a melhoria do sistema”, conta Joubert Flores, diretor de relações-institucionais do Metrô Rio.
Ele explicou que a última compra de trens foi feita pelo governo estadual em 1998, ano em que a Metrô Rio assumiu a concessão. Segundo Flores, de lá para cá, por causa do contrato com o estado, nenhum trem foi adquirido. Com a renegociação, novos trens foram encomendados e devem começar a circular em 2011.
“Não há culpados, mas sim motivos pelos quais enfrentamos problemas de transportes. E a principal causa foi o esvaziamento econômico do Rio de Janeiro, de dez anos atrás, que impediu qualquer investimento do governo em infra-estrutura, principalmente em transportes. A Barcas S/A tem feito a parte que lhe cabe, e que é possível, dentro da atual conjuntura. Mas há que se entender que estes investimentos levam de dois a quatro anos trazer os resultados”, respondeu o diretor-superintendente das Barcas S/A, Flávio Medrano de Almada.
A SuperVia encaminhou uma nota informando que assumiu a operação do sistema ferroviário na Região Metropolitana do Rio em 1998 e que, de lá pra cá, melhorou a regularidade e a pontualidade do serviço.
Deputados estaduais querem CPIs
“Os trens, as barcas e o metrô, embora sejam empresas diferentes, sofrem dos mesmos problemas: superlotação, desconforto e riscos para a segurança do cidadão. Coincidentemente, a Agetransp é a responsável pela fiscalização das três agências. Os principais responsáveis são, além das próprias concessionárias, a Agetransp, que é, no mínimo, omissa, e a área de transportes do estado, que é excessivamente tranquila com as três concessionárias”, afirmou o deputado estadual Gilberto Palmares (PT), que, em 2009, presidiu a CPI das Barcas.
Palmares tenta, agora, aprovar a instalação de uma CPI da SuperVia, que foi pedida por ele em 2007, ano em que um acidente entre dois trens em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, deixou oito mortos e 101 feridos.
O deputado estadual Alessandro Molon (PT) quer aprovar uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar o metrô.
1 Comente aqui:
Nada presta. Nâo aguento mais. Como pode uma cidade assim querer organizar uma Copa e uma Olimpiada? Não consegue resolver as questões mais básicas.
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