Nas favelas “pacificadas”, continua livre a venda de drogas na frente dos policiais “libertadores”

A suposta “pacificação” das favelas do Rio é para inglês ver e fomentar a publicidade oficial do atual Governador. É o que se comprova lendo as duas reportagens abaixo.

Postos policiais em favelas do Rio de Janeiro mudam estratégia do tráfico
Venda continua, mas é feita sem armas por mulheres ou crianças, dizem policiais

Mario Hugo Monken, do R7, no Rio
Policiais dizem que traficantes mudaram estratégia de venda após instalação das UPPs nas favelas do Rio. Na maioria das favelas do Rio de Janeiro, a venda de drogas costuma ser feita de forma escancarada - traficantes exibem armas e falam os preços da cocaína e da maconha em voz alta.

Com a instalação das chamadas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) - postos policiais – nas comunidades, os criminosos foram obrigados a mudar a estratégia para vender drogas.

Policiais civis e militares ouvidos pela reportagem do R7 revelaram que o tráfico de drogas nas favelas pacificadas agora é feito de maneira mais discreta: os entorpecentes não ficam mais em banquinhas ou mesinhas; as chamadas bocas de fumo não têm seguranças armados, e o serviço é realizado por pessoas sem mandado de prisão, mulheres ou crianças.

É o que acontece hoje nos morros do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul. As comunidades foram ocupadas por uma UPP em dezembro passado. Policiais militares identificaram ao menos seis bocas de fumo em funcionamento – todas sem armas.

Um dos pontos fica no chamado Setor, no Cantagalo. Investigações indicam que, ali, uma mulher obriga três filhas menores de idade a vender drogas. De forma discreta, elas escondem as drogas nas roupas íntimas e circulam pela favela a procura de criminosos. A comunicação é feita por celulares e não mais por radiotransmissores barulhentos.

O uso de menores de idade por traficantes de favelas pacificadas já havia sido comprovado, em janeiro passado, quando três adolescentes, entre 13 e 15 anos, foram presas por suspeita de venda drogas em sacos de biscoito no Pavão-Pavãozinho. Outros pontos de venda de drogas dessas comunidades ficam na chamada Caixa D’Água, no Cantagalo, e na 5ª Estação, Farmácia e Sarafin, no Pavão-Pavãozinho.

Nesses lugares, os traficantes ficam parados e os clientes chegam e pedem a droga. Dependendo do pedido, os criminosos vão até uma casa buscar o entorpecente. Muitos, no entanto, carregam pequenas quantidades como, por exemplo, dez trouxinhas de maconha, para a venda ser imediata. Um policial que preferiu não se identificar conta que a estratégia mudou: a droga fica escondida com o traficante, não é mais colocada em mesinhas, como antigamente.

Mototáxi
Outra boca mapeada pelos policiais funciona na ladeira Saint Romain, na subida do Pavão-Pavãozinho. Nesse ponto, os policiais investigam suposta atuação de mototaxistas na venda de drogas. Policiais militares calculam que pelo menos 40 pessoas estariam trabalhando para o tráfico no Pavão-Pavãozinho e no Cantagalo.

O grupo, dizem os policiais, responde a um criminoso escondido no complexo de favelas da Penha, na zona norte, desde a ocupação das comunidades pelo posto policial. Os policiais acreditam que, pelo menos, 30 fuzis ainda estejam nos morros, enterrados ou guardados em casas de parentes dos bandidos.

A atuação do tráfico nas duas comunidades após a instalação da UPP está sendo mapeada pelas polícias Civil e Militar, que deverão em breve realizar operação para prender os suspeitos. A proposta sobre as UPPs, apresentada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, é de que os postos não objetivem acabar com o tráfico, mas sim com a "ditadura" dos traficantes armados com fuzis.

Tiros, protesto de moradores e uma prisão na Favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana

Publicada em 08/02/2010 às 08h56m

Gabriel Mascarenhas - O Globo

Dois episódios distintos - o encerramento de uma festa na rua e a prisão de um suspeito - terminaram em protestos e tiros na Favela do Pavão-Pavãozinho, área ocupada pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em Copacabana, na Zona Sul do Rio, na madrugada desta segunda-feira. Moradores lançaram uma bomba caseira contra os policiais e atearam fogo em objetos para bloquear uma rua. Parentes de um homem detido acusaram os policiais de agressão.

A primeira confusão começou por volta de 1h, quando PMs da UPP determinaram o encerramento de uma pequena festa na Estrada do Cantagalo, no alto da comunidade. Inconformados com a ordem para desligar o som, moradores atearam fogo em caixotes de madeira e pedaços de plástico e bloquearam a via, localizada na divisa entre as favelas do Pavãozinho e Cantagalo. Os policiais disparam tiros para o alto, depois que uma bomba artesanal foi atirada pelos manifestantes. Ninguém foi preso.

Momentos depois, no mesmo local, outro incidente. Ewerton Bemvindo, de 22 anos, acabou detido, segundo os policiais, em atitude suspeita. Ele saiu correndo, ao ouvir a ordem dos PMs para que parasse. O rapaz trabalha num trailer no Cantagalo e está em liberdade condicional, depois de permanecer preso um ano e oito meses por roubo. Ele alegou ter fugido porque ficou assustado com a abordagem dos agentes. Nada foi encontrado com o suspeito. Ele foi liberado e responderá por desacato a autoridade.

Em consequência dos episódios, duas patrulhas do 19º BPM (Copacabana) reforçaram o policiamento na Rua Sá Ferreira, um dos acessos ao morro, até a manhã desta segunda. O comandante da UPP do Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, capitão Leonardo Nogueira, afirmou que nada de ilegal foi encontrado com o suspeito e que ele está em dia com a Justiça.

- O que houve foi um confusão generalizada, depois que os policiais pediram para que os moradores desligassem um aparelho de som e a detenção desse rapaz. Por conta do primeiro episódio, alguns moradores protestaram, jogando coquetéis molotov contra o policiais e queimando objetos no alto da favela - afirmou o comandante.

Sobre os tiros ouvidos por moradores, o capitão confirmou terem sido disparados em dois momentos: pelos policiais, durante a manifestação, e outros, cuja origem não foi identificada, quando o suspeito estava sendo conduzido à sede da UPP.

Parentes do homem preso acusaram os agentes da UPP de agressão. Na frente da delegacia, eles mostraram marcas no corpo, atribuídas a supostos socos, chutes e tapas dados pelos policiais. Dois deles registraram queixa contra os PMs.

2 Comente aqui:

Vânia Cerqueira disse...

essa pacificação é mixuruca, para carioca e ver e acreditar. Espero que a resposta seja bem dada nas próximas eleições.

Anônimo disse...

não se pode esperar as proximas eleiçoes, os traficantes agora ultilizam se todos so subterfugios possiveis .. os policiais devem sim revistar menores e mochilas carregadas principalmente na subida de mototaxi .. tem drogas subindo por ali .. e os moto taxistas estão direta ou indiretamente ligados a isso .. moro na comunidade e sei bem o que falo , existem pessoas pagas para monitorar os policiais o tempo todo ... mulheres e adolescentes .. não sei o que será feito .. mas por favor não deixem voltar o inferno que era antes .
obrigado .