Cabral revolta moradores, que estão voltando ao Morro do Bumba

A omissão de Sérgio Cabral não é segredo para ninguém, assim como ele nunca sabe o que falar nos momentos difíceis. Ele só sabe falar quando treinado e quando pode regravar a besteira que falou.

Os moradores do Morro do Bumba estão sentido, infelizmente, na pele sofrida esse descompromisso de Cabral com a população, notadamente a mais pobre.

E, revoltados, estão voltando ao que sobrou de suas casas no Morro. O triste para eles, e para o cidadão de bem, é ligar a televisão e ver o (???) governador, todo pimpão, anunciando que resolveu os problemas de maternidade no Rio com a inauguração de UM hospital.

Isso mesmo: UM hospital em quatro anos de governo.

Leiam a respeito sobre o retorno dos moradores ao Bumba:

Moradores do Morro do Bumba estão retornando às casas interditadas


“É muito fácil a Defesa Civil vir aqui e dizer que o imóvel está interditado. Mas e o nosso patrimônio?”. A frase, indignada, é do motorista José Carlos Pereira de Souza, de 44 anos, que voltou a viver na casa que havia sido interditada no Morro do Bumba, cenário da tragédia que matou, até agora, 46 pessoas naquela comunidade de Niterói.

— Se chover, a gente sai. Eu não vou deixar a minha casa abandonada. Não dá para ficar na casa dos outros incomodando — disse José.

Também cansado de esperar uma definição da Prefeitura de Niterói e da Defesa Civil, o porteiro Marcelo Lucas Dorestes Mogedo, de 40 anos, decidiu subir o Morro do Bumba e voltar para sua casa localizada apenas uma rua atrás do local do principal deslizamento.

Abrigada com os três filhos e a neta de quatro meses na Igreja Batista da comunidade, sua mulher Tatiana Ferreira Gomes, de 35 anos, não se conforma:

— O Sérgio Côrtes (secretário estadual de Saúde e Defesa Civil) passou pela nossa rua e disse que todas as casas estavam em risco. Ele nos mandou descer. Depois, não tivemos mais nenhuma definição sobre a nossa casa. Tem um barranco para cair perto e uma barreira enorme desceu ao nosso lado. A varanda está trincada. É um perigo ele (o marido de Tatiana) ficar lá em cima.

O marido não arreda o pé da casa e apenas visita a família no abrigo, à noite:

— Não posso abandonar, é nossa vida. Tudo que é nosso, tudo que a gente construiu está lá. Se chover, eu desço o morro — disse Marcelo.

O auxiliar de nutrição José Firmino, de 50 anos, também se preocupa com a volta dos vizinhos para as casas ameaçadas. Sem informações sobre o pagamento do aluguel social nem data para vistoria dos imóveis, ele diz que a tendência é que todos retomem suas vidas no morro:

— Com a luz e a água voltando, o povo vai retornar. Fomos à Defesa Civil e ao centro de assistência social e não resolvemos nada. Ninguém nos dá uma resposta. Estamos na estaca zero.

‘Espero não usar a força para retirá-los’

O secretário de Segurança e Defesa Civil de Niterói, Marival Gomes da Silva, mostrou-se surpreso com a informação de que moradores do Morro do Bumba que estavam em abrigos estão retornando às suas casas, que permanecem interditadas. Ele prometeu realizar uma vistoria no local ainda hoje.

— Vamos vistoriar amanhã (hoje) todas as casas interditadas. Se algumas pessoas retornaram ao morro, elas vão ter que sair. Vamos tentar conscientizá-los de que trata-se de uma área de risco de vida. Espero que não seja necessário o uso da força para retirá-los — disse Marival.

A assessoria do prefeito Jorge Roberto Silveira limitou-se a informar que desconhecia o fato. Já a Águas de Niterói negou que o fornecimento de água tenha sido restabelecido.

Nesta quinta-feira, foram resgatados mais dois corpos no Morro do Bumba, elevando para 46 o número de vítimas no local e 253 no estado do Rio.

A Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil informou que cabe às unidades municipais vistoriar as áreas de risco, interditar e providenciar abrigos. Enquanto coordenadora, a Defesa Civil Estadual não tem como agir pontualmente em todos os municípios do estado.Portanto, se nem a Defesa Civil de Niterói tem ciência do problema, a estadual não tem como saber.

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