Imprensa oficial do Rio continua com o seu oba-oba a Cabral

Crítico da imprensa, o jornalista Eucimar Oliveira – um dos criadores do Jornal Extra – faz hoje no site You Pode um levantamento do que a imprensa oba-oba publicou sobre a troca de comando na Polícia Militar:

E tome foguetório
// Postado por Eucimar de Oliveira
E temos foguetório mais uma vez. Desta vez os rojões da imprensa foram disparados para saudar a nomeação do novo comandante da PM num momento em que os números da violência no Rio atinge números alarmantes. E na pirotecnia editorial, o primeiro colocado foi O Globo, que destaca em manchete o anúncio do novo comando de colocar mil homens na rua, imediatamente, para coibibir o crime.

Só que o jornal, e nenhum outro, perguntou se tais policais não necessitariam de uma reciclagem e novo treinamento de combate. Afinal, desenvolvem funções burocráticas há algum tempo (talvez nem todos estejam na sua mulher forma física e com rapidez de raciocínio exigida em situação de risco).

O envio imediato deste contigente pode ser, sem trocadilho, um tiro no pé. Garotinho nunca teve a imprensa a seu favor, muito pelo contrário. É fácil imaginar as manchetes se ele trocasse o comando da PM por três vezes em menos de três anos como fez Cabral.

Algo assim: “Desastre na segurança pública”; “Polícia de Garotinho está perdida”; “Entra-e-sai na PM. População paga o pato”; “Basta Garotinho”.

Leia o que escreveu Eucimar Oliveira no YouPode


Polícia do Rio entra em crise

O governo do Estado do Rio perdeu o controle sobre a segurança pública e ninguém diz nada.
A secretaria de Segurança Pública perdeu o controle sobre a polícia e ninguém fala nada.
A polícia não consegue controlar a criminalidade e fica por isso mesmo.

Onde está a imprensa que tanto gritava contra a violência no Rio antes de Sérgio Cabral assumir o governo?

Onde foram parar os editoriais indignados do Globo e as reportagens mentirosas e manipuladas, que supervalorizavam qualquer crime como se o Rio tivesse se transformado numa Chicago dos anos 30?

Ao longo do governo Rosinha, o Instituto de Segurança Pública registrou queda constante e significativa nos crimes mais importantes – homicídios, assaltos com mortes, assaltos a banco, sequestros e vários outros – mas O Globo não dava destaque a estes resultados. Tentava escondê-los. Preferia buscar, no meio da lista de dados estatísticos, algum tipo de crime, mesmo que fosse de menor importância e risco para a vida das pessoas, e este era o dado que o jornal exibia como manchete.

Foi assim que a imprensa agiu durante os quatro anos do governo Rosinha. Agiu assim também, durante os quatro anos do governo Garotinho.

O que acontece hoje em dia?

O número de homicídios cresceu 18% nos últimos três meses.

Entre abril do ano passado e abril deste ano, o número de assassinatos cresceu 12%.

Entre 2008 e 2009, aumentou em 15% o número de assaltos a transeuntes.

Há pelo menos 2 ou 3 arrastões por semana no Rio.

Tem gente sendo assassinada por assaltantes na Zona Sul em plena luz do dia.

Não se trata mais de um incidente aqui ou ali, como acontece em qualquer cidade. Não se trata mais de uma ou outra derrota das autoridades, como pode acontecer em qualquer lugar.

O fato é que a violência fugiu do controle do governo do Estado.

E o que dizem os mesmos jornais que perseguiam Garotinho e Rosinha?

Nada. Absolutamente nada.

As estatísticas desmoralizantes para o atual governo, levantadas pelo mesmo Instituto que fazia o balanço para o governo Rosinha, agora são publicadas sem destaque. O que acaba ocupando mais espaço no Globo é a promessa de Sérgio Cabral que diminuir os índices de violência no futuro.

A promessa de Cabral tem mais espaço no Globo do que a revelação de que a situação fugiu do controle.

O release da secretaria de Segurança ganha mais destaque do que a estatística negativa.

Hoje, caiu mais um comandante da Polícia Militar.

O coronel Mário Sérgio de Brito Duarte assumiu no lugar de Gilson Pitta, que havia assumido há um ano no lugar de Ubiratan Angelo.

Já caiu o subsecretário de segurança.

Já caiu o chefe da Polícia Civil.

A cúpula da segurança pública foi toda substituída, mais de uma vez, e não se vê nos jornais uma análise sobre o que está acontecendo.

Fosse no tempo de Garotinho, a manchete seria gritada: “Crise na segurança pública!”

Hoje, para os jornais, não há nada de anormal.

Como se explica tanta colher de chá da imprensa, especialmente das Organizações Globo, ao desgoverno do excursionista Sérgio Cabral?

Difícil saber.

Ou, sabendo, difícil provar.

Pelo menos por enquanto.

1 Comente aqui:

Maria Fernanda disse...

É verdade, se fosse Garotinho já estariam comendo o fígado dele. A imprensa enoja em determinadas situações. Até quando ficará apoiando Cabral?