Muita gente se surpreendeu, ontem, ao ler no Globo um artigo de Sérgio Cabral em defesa dos royalties do petróleo para o Estado do Rio.
Em primeiro lugar porque ele nunca defendeu o Estado desta maneira, em artigos de jornal. Em segundo lugar porque a prática de Sérgio Cabral em relação ao governo Lula tem sido a da mais descarada adulação, sem qualquer senso crítico.
Mas aos poucos as razões vão aparecendo. Não na imprensa do Rio, que protege Cabral, mas no jornal Valor, de São Paulo, que revela em sua edição desta quarta-feira que o governador só tomou posição a favor do Rio e contra o governo federal porque está com medo de perder a eleição do ano que vem para Anthony Garotinho.
Não é este blog que está dizendo isto.
Está lá, no Valor.
Sérgio Cabral tenta mostrar serviço aos prefeitos, para os quais normalmente dá pouca atenção, porque a prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, lidera a luta em defesa da preservação dos roialties e das participações especiais dos municípios na riqueza do petróleo.
A eleição tira o sono de Cabral, como mostra este trecho da reportagem do Valor:
Cabral ataca pré-sal de olho em Garotinho.
O discurso da defesa dos royalties vem sendo brandido no Rio pela ex-governadora Rosinha Matheus (PMDB), atual prefeita de Campos dos Goytacazes, município campeão de royalties do Brasil. Rosinha é mulher do ex-governador Anthony Garotinho, que deixou recentemente o PMDB para disputar o governo pelo PR e concorrer contra Cabral. "Cabral precisa marcar posição para que depois não seja acusado por Garotinho de omissão", diz Monteiro, para quem o governador está disputando o protagonismo do tema com Rosinha, de olho nas implicações eleitorais no ano que vem.
O ex-governador e e sua mulher têm forte influência no interior do Estado, principalmente nos municípios que mais recebem royalties. Rosinha é presidente da Organização dos Municípios Produtores da Bacia de Campos (Ompetro), que reúne os dez municípios mais ricos em royalties do país. Em suas romarias pelo pré-sal já encontrou-se com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em Brasília, há duas semanas, para pedir que pelo menos 40% dos royalties dos novos blocos do pré-sal fiquem com estados e municípios.
É justamente no interior que Cabral tem mais dificuldades eleitorais. Pesquisas do IBPS mostram claro aumento da intenção de voto em Garotinho na região. Em março, o ex-governador tinha 14% no interior. Em junho, após o anúncio de sua pré-candidatura, passou para 25,7%. Já o atual governador tinha 34% em março e agora tem 36%. Em todo o Estado, a pesquisa mostra Cabral com 35% e Garotinho com 19% das intenções de voto.
Cabral ainda enfrenta resistência por parte dos políticos do interior, como prefeitos e deputados estaduais. Muitos reclamam da redução das transferências aos municípios do interior. Um dos principais programas criados na época dos Garotinho, o Plano de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios (Padem), que destinava dinheiro para obras no interior, foi extinto com a chegada de Cabral ao governo em 2007.
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