Para jornalista, ocupação dos morros vira peça de marketing político

O jornalista Eucimar de Oliveira publica no site You Pode um interessante artigo sobre a ineficiência da política de segurança adotada por Sérgio Cabral.

Ao analisar a série de reportagens que o jornal Extra passou a publicar a partir de hoje sobre morros ocupados pela PM e os que estão com os bandidos, o jornalista pergunta:

“No Dona Marta, por exemplo, pequena comunidade de cinco mil pessoas, são necessários 100 PMs ou mais para manter o tráfico distante. Quantos serão precisos na Rocinha de 200 mil moradores, no Alemão com igual número, no Jacarezinho com seus 100 mil e nas outras quase mil favelas da cidade? Nem se o efetivo da PM fosse multiplicado por centenas de vezes. Ou seja: ocupação militar não é a solução definitiva para o problema por ser inviável.

Para ele, tanto a ocupação quanto a reportagem vão virar peças de marketing do governo.

Nós do blog queremos, como todos, a paz no morro e no asfalto. Mas queremos também uma polícia inteligente, sadia e competente.

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Marketing
// Postado por Eucimar de Oliveira

O Extra desta quinta-feira inicia uma série de reportagens em que tenta mostrar os contrastes entre a favela Dona Marta, ocupada pela polícia, e o Morro da Coroa, onde o tráfico corre solto. Na primeira, paz; no segundo local, pavor. Parece ser um belo trabalho de reportagem, mas que peca por um defeito original, a ingenuidade. A política de ocupação de favelas é absolutamente inviável pelo aspecto aritmético.

No Dona Marta, por exemplo, pequena comunidade de cinco mil pessoas, são necessários 100 PMs ou mais para manter o tráfico distante. Quantos serão precisos na Rocinha de 200 mil moradores, no Alemão com igual número, no Jacarezinho com seus 100 mil e nas outras quase mil favelas da cidade? Nem se o efetivo da PM fosse multiplicado por centenas de vezes. Ou seja: ocupação militar não é a solução definitiva para o problema por ser inviável.

Serve como ação de marketing de segurança e nada mais. Há outras maneiras mais eficientes, menos custosas e com benefícios permanentes para as favelas que certamente tocariam o tráfico para longe. Enfim, é o tipo de matéria que, certamente, estará em breve nas campanhas publicitárias do governo do estado.

No Dia, destaque para três visões diferentes de um mesmo tema. Na primeira página, um título forte chama a atenção para um susposto hospital do tráfico descoberto pela polícia na Favela de Manguinhos; no título da página interna, a coisa vira um pronto-socorro; no texto, passa a ser uma saleta onde haveria alguns medicamentos. Parece que a última versão, a que dependeu apenas do repórter, é a mais plausível.

Ainda na área de segurança, O Globo traz pequena matéria tentando atribuir aos confrontos entre polícia e traficantes os atrasos nas obras do PAC. Fala de 12 conflitos. Como nenhum deles durou mais de um dia, é muito pouco para afetar o ritmo dos operários. Ou seja: problemas de falta de projetos, burocracia, discussão se primeiro é preciso fazer o muro que cercará o local e depois a escola, por exemplo, são, de fato, as razões como o PAC anda a passos de cágado na cidade. Nada além disso.

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