Gripe suína, descaso das autoridades+incompetência: morte


O Dia

Esse blog já havia alertado que tanto o governo estadual, de Sérgio Cabral, e a prefeitura municipal, comandada pelo aliado de Cabral, Eduardo Paes, não estavam se preparando para enfrentar a epidemia de gripe suína.

Hoje os jornais denunciam que mais uma pessoa morreu (a quarta) no Rio, em decorrente da gripe. Grávida de sete meses, Aldinete Lima peregrinou por vários hospitais e, em todos, foi mandada para casa.

Presidente do sindicato dos médicos do RJ, Jorge Darze, escreveu artigo no JB onde demonstra o despreparo dos hospitais para enfrentar a doença.

Segundo ele, “o governo, acuado diante do desastroso funcionamento da rede (hospitalar), reproduz o discurso padrão das autoridades que transfere a solução para o futuro".

Leia abaixo a íntegra do artigo:

Tenda dos milagres
Jorge Darze *, JB Online

RIO - Em artigo anterior, alertamos sobre o perigo da gripe A. Na ocasião, já prevíamos o que poderia ocorrer em nosso país, principalmente no Rio de Janeiro, tendo em vista o caos em quem se encontra a rede pública de saúde. Falamos hoje de uma doença ainda não suficientemente conhecida, cujo vírus já está circulando em nosso país, o que aumenta o risco da sua propagação.

Em outros países, onde a doença atinge milhares de pessoas, a palavra de ordem agora é preparar o sistema para garantir o atendimento dos que estão adoecendo, pois a previsão é de que diariamente centenas pessoas serão contaminadas. No mundo, já foram contabilizadas mais de 700 mortes. No Brasil, já são mais de duas dezenas de mortos.

A visita que realizamos ao Hospital Souza Aguiar, no último dia 20 de julho, revela o nosso despreparo para enfrentar tal doença. Afinal, a procura pelo hospital passou a ser uma grande fonte de contaminação pelo vírus, na medida em que todos os pacientes adoecidos, inclusive crianças que procuravam assistência, eram recepcionados no mesmo espaço. A mesma sala usada na epidemia de dengue foi apontada como o novo local de atendimento e até mesmo de internação dos pacientes com gripe A.

Só que, para esta sala funcionar, são necessários 56 clínicos gerais e o mesmo número de pediatras, além dos profissionais de enfermagem. Esta solução nos parece remota diante da falência da política de recursos humanos, que não consegue suprir o déficit no restante da rede, face aos aviltantes salários pagos. Essa crise não é privilégio do município. O estado padece do mesmo mal. O governo, acuado diante desastroso funcionamento da rede, reproduz o discurso padrão das autoridades que transfere a solução para o futuro.

O que já esperávamos e acabou acontecendo foi que retiraram a ideia das tendas do “armário”. Os hospitais de campanha das Forças Armadas são verdadeiras unidades de atendimento, só utilizadas em situações excepcionais. Mas não é o que vem acontecendo no Rio, cuja situação de crise é de exclusiva competência das autoridades, que não cumpriram com o seu papel constitucional.

O que deveriam ter feito era investir nos postos e centros municipais de saúde, completando suas equipes desfalcadas, estendendo os seus horários de funcionamento e garantindo, dessa forma, a ampliação da porta de entrada no sistema público de saúde que, hoje, é extremamente deficitária e obriga a população a procurar as filas das emergências.

Deveriam também, desde o início do governo, ter investido na ampliação do Programa de Saúde da Família, que hoje tem abrangência medíocre, para assim permitir que a população pudesse cumprir a orientação do Ministério da Saúde de procurar as unidades mais próximas e menos congestionadas.

Portanto, quantas epidemias teremos de enfrentar e quantos cadáveres teremos de contabilizar para convencer os nossos governantes de que a continuar com a atual política de desvalorização profissional e as condições cada vez piores de trabalho, não teremos médicos para assumir tal responsabilidade.

* Jorge Darze é presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro














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