Sequestro-relâmpago, crime extinto por Garotinho, ressurge no Rio com Cabral

O sequestro-relâmpago - modalidade de crime que havia sido extinta por Garotinho em seu governo - voltou a fazer parte do noticiário do Estado do Rio com o atual governador Sérgio Viajando Cabral.


Desta vez, o crime envolveu o empresário Pedro Buarque de Hollanda, marido da atriz Mariana Ximenes e primo de Chico Buarque, que foi capturado e obrigado a pedir a um doleiro a quantia de US$ 100 mil para pagar o resgate. Entre os quatro bandidos, há um ex-motorista da família.

Algemado por 19 horas, o empresário fez uma viagem de aproximadamente 100 km, de Paraíba do Sul, onde foi sequestrado, até sua residência em Ipanema, onde foi obrigado a pagar o resgate, sem que nenhum policial de Cabral fosse capaz de perceber o crime em andamento.

Uma vergonha!

Leia abaixo a íntegra da reportagem publicada hoje no jornal O Dia.

Ex-motorista tramou sequestro de empresário

Rio - Atordoado com o sequestro, Pedro Buarque de Hollanda contou à polícia que ficou surpreso com a forma como os sequestradores sabiam de detalhes de sua vida e da rotina de trabalho. De acordo com os policiais, as informações sobre os hábitos do empresário foram dadas por Erimar, mentor da quadrilha na extorsão.

Ex-motorista da família, Erimar foi demitido há sete meses e contratado semana passada para levar uma esteira até a fazenda, em Paraíba do Sul, onde a vítima estava. Segundo a polícia, ele aproveitou a oportunidade do trabalho temporário para levar, além da encomenda, os sequestradores que capturaram o empresário.

Dezenove horas de cativeiro

Marido da atriz Mariana Ximenes e primo do compositor Chico Buarque, o produtor de cinema Pedro Buarque de Hollanda, 43 anos, viveu a pior experiência de sua vida longe das telas. Algemado e ameaçado de morte por 19 horas, ele percorreu mais de 100 quilômetros entre Paraíba do Sul, no interior do estado, e Ipanema, na Zona Sul do Rio, com uma faca apontada para sua garganta por dois sequestradores. Dentro de seu próprio apartamento, foi obrigado a pagar US$ 100 mil (o equivalente a R$ 181 mil) para, enfim, ser libertado.

Quatro dias depois de passar por horas de angústia e terror, o empresário e sócio da Conspiração Filmes esteve ontem na Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), onde reconheceu os sequestradores. Pedro foi rendido pelo mecânico Alexander Motta de Oliveira, 24 anos, e pelo auxiliar administrativo Márcio José Lopes, 32, com uma faca e um estilete em sua fazenda, em Paraíba do Sul, na quinta-feira. Lá, roubaram joias, o celular da empregada, R$ 1 mil e um computador portátil.

Para sair da fazenda, os bandidos usaram a picape Land Rover da vítima, que viajou no banco do carona. Algemado e com os olhos vendados por óculos escuros e lentes envolvidas em fita crepe, Pedro permaneceu imóvel até ser levado para um motel na Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, onde foi obrigado a passar a noite vigiado por Márcio. No dia seguinte, os bandidos mandaram Pedro verificar sua movimentação bancária pela internet e decidiram levá-lo como refém até o seu apartamento em Ipanema.

Para conseguir o valor exigido pelos criminosos, Pedro teve que pedir o dinheiro a um doleiro. Depois de receber a quantia, os bandidos abandonaram a Land Rover da vítima na Lagoa. O veículo foi recuperado pela polícia. Segundo o delegado Deoclécio de Assis Filho, titular da DRFC, por trás da ação estava ainda Erimar Jerônimo de Melo, 46 anos, ex-motorista do empresário, e Luís Carlos Baptista Domingues, 45, preso em 2000 por porte ilegal de armas.

A quadrilha foi presa em Cordovil com parte das joias roubadas. O bando teve a prisão temporária por 30 dias decretada pelo juiz Luiz Márcio Victor Alves Pereira, da 32ª Vara Criminal. O caso foi registrado na DRFC como extorsão mediante sequestro, formação de quadrilha e roubo qualificado. “Foi um trabalho de inteligência que permitiu a prisão da quadrilha”, afirmou o delegado Deocélcio de Assis.


4 Comente aqui:

Fabinho disse...

É o que dá ter uma polícia só de enfretamento e sem inteligência

Luiz Antônio disse...

Lamentavel. Solidariedade à familia

Claudio Correa disse...

O Cabral parte da premissa errada. Acha que com enfrentamento resolve a questão da segurança. É muito mais complexo, envolve desde políticas publicas eficiente, que ele não tem.
Os bandidos quando acuados no comércio de drogas partem para outros crimes, como esse sequestro. É preciso um trabalho inteligente para acabar com esse ciclo vicioso.

Valeria disse...

Várias coisas ruins voltaram com Cabral.É triste