Que o Rio de Janeiro será a sede da final da Copa do Mundo de 2014 e é uma das cidades favoritas a receber os Jogos Olímpicos de 2016 todos já sabem.
Mas será que a cidade está preparada para eventos tão importantes assim? Do ponto de vista turístico, o Rio de Janeiro está abanonado.
Vejam os exemplos:
Na semana passada este blog relatou o (des) choque de ordem que ocorre no Pão de Açúcar - onde flanelinhas agem à vontade e taxistas cobram o que querem dos turistas.
Agora, artigo no Jornal do Brasil mostra o abandono de Copacabana, um dos principais cartões postais do Rio; e, na coluna Gente Boa, de O Globo, foi publicada uma lista feita pelo historiador Milton Teixeira que revela quais os monumentos que o turista pode não encontrar em 2014 quando vier assistir a Copa do Mundo.
Copacabana está uma vergonha!
Marcus Quintella, Jornal do Brasil
RIO - Em janeiro de 2008, escrevi um artigo que tratava do descaso e abandono da minha querida Copacabana, que, até então, não conseguia ter seus infindáveis, conhecidos e solúveis problemas resolvidos pelos poderes municipal e estadual, mesmo após a Operação CopaBacana, parceria do governo estadual com o Grupo Gestor da Orla, da prefeitura do Rio.
Passados quase dois anos, a situação continua a mesma, ou pior, mesmo com o chamado Choque de Ordem da prefeitura, que funciona pontualmente e descontinuadamente, ou quando há alguma denúncia importante ou pressão da imprensa. Na maior parte do tempo, a fiscalização afrouxa e os infratores sempre retornam aos locais dos crimes após a passagem do pessoal do Choque de Ordem.
Passados quase dois anos, a situação continua a mesma, ou pior, mesmo com o chamado Choque de Ordem da prefeitura, que funciona pontualmente e descontinuadamente, ou quando há alguma denúncia importante ou pressão da imprensa. Na maior parte do tempo, a fiscalização afrouxa e os infratores sempre retornam aos locais dos crimes após a passagem do pessoal do Choque de Ordem.
Os principais problemas de Copacabana, que são os mesmos da maioria dos bairros do Rio de Janeiro, são os seguintes:
assaltos a transeuntes – as principais vítimas são os idosos e os turistas; moradores de rua – dormem e acampam nas calçadas e pouco são incomodados;
menores infratores – protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e excluídos pelas ações sociais oficiais, agem impunemente nas ruas;
veículos abandonados – permanecem estacionados em ruas transversais;
trânsito caótico – ônibus, caminhões de entrega, táxis e vans abusam e desrespeitam as leis de trânsito;
pontos de vans – as vans estão, aos poucos, instalando seus pontos nas principais artérias do bairro;
limpeza urbana – muita sujeira e fedor em muitas ruas internas;
escuridão das ruas – iluminação precária das ruas, principalmente na importante Av. Nossa Senhora de Copacabana;
flanelinhas – seguem ditando as regras e comandando as vagas de estacionamento público; camelôs – vendem o que querem, a partir das sete da noite;
prostituição e tráfico de drogas – possuem pontos predeterminados, sem qualquer repressão;
acessos desprotegidos – os cinco acessos ao bairro (Túnel Novo, Túnel Velho, Ladeira do Leme, Corte Cantagalo e Posto 6) não são monitorados e protegidos por câmeras e postos policiais;
falta de policiamento – quase não há policiamento durante o dia nas ruas internas, notando que, à noite e nos domingos e feriados, com exceção da orla, o policiamento inexiste.
Na prática, esse tal Choque de Ordem da prefeitura é uma enorme mis-en-scène, uma vez que não conta com ações corretivas e repressivas permanentes e não possui planejamento para a manutenção da ordem e das posturas municipais. Na realidade, são ações pirotécnicas pontuais, cujos efeitos são passageiros e que não assustam os infratores, que sabem que logo a tempestade passa e volta a bonança da baderna e desordem pública.
Não consigo aceitar que um bairro como Copacabana não seja um exemplo de ordem urbana e um oásis de segurança pública. A transformação de Copacabana num bairro seguro e ordenado traria benefícios incalculáveis para toda a sociedade, com geração de empregos, elevação da arrecadação de tributos, maior valorização imobiliária, aumento da taxa de ocupação da rede hoteleira, aumento do faturamento do comércio e do setor de serviços e melhoria da qualidade de vida da população.
Todo esse quadro pintado para Copacabana pode ser transferido para os demais bairros da Cidade Maravilhosa. Mais uma vez, gostaria que alguém me respondesse às seguintes questões: a quem interessa esse quadro caótico de Copacabana e dos demais bairros da cidade? Quem ganha com isso? É assim que o Rio de Janeiro quer ser escolhido como a sede dos Jogos Olímpicos de 2016? Caso nada seja planejado e executado imediatamente para transformar Copacabana e os demais bairros da cidade em modelos de ordem pública e segurança, em 2014, durante a Copa do Mundo, os problemas citados acima ganharão a mídia mundial, envergonhando todos os brasileiros, com prejuízos monstruosos para a economia carioca. Imaginem, então, tudo isso em 2016, durante os Jogos Olímpicos.
Que vergonha!
* Marcus Quintella é engenheiro.
2 Comente aqui:
Vergonhoso. No Centro há vários imóveis em total abandono. Se bater um vento forte cai, com certeza.
O abandono de Copacabana não é de hoje. Concordo com tudo o que foi detalhado pelo autor no texto. Chega a ser assustador andar pelas ruas do bairro. O pior é que vai acontecer isso mesmo. Os turistas ficarão chocados em 2014.
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