César Maia denuncia que o patrimônio público do Rio está sendo negociado

O ex-prefeito César Maia faz grave relato sobre a privatização das decisões do IPHAN-Rio – órgão que, em tese, deveria cuidar do patrimônio histórico da cidade. Ele relata que o órgão está sendo comandado politicamente e que “o importantíssimo acervo cultural do Rio de Janeiro está posto nas bandejas das negociações”.

IPHAN-RJ POLITIZADO PERDE QUALIDADE TÉCNICA E SERIEDADE NAS DECISÕES! PATRIMÔNIO EM GRAVE RISCO!

1. O Sr. Carlos Fernando de Andrade é um antigo quadro do PT carioca. Já foi candidato a deputado estadual, tendo recebido uma votação pífia. Foi também subsecretário de planejamento no Governo Benedita. Pela primeira vez em sua história recente, o Iphan do Rio de Janeiro é dirigido por alguém estranho aos seus quadros. Rompeu-se uma tradição de que aquele órgão fosse dirigido por técnicos talentosos formados na tradição de preservação do patrimônio e colocou-se ali um representante do PT disposto a fazer qualquer coisa para contentar seus aliados no PMDB. E assim, o importantíssimo acervo cultural do Rio de Janeiro está posto na bandeja das negociações.

2. No caso do espigão da Lapa, foi do Superintendente a ideia de reunir as edificações anteriormente propostas, e que já desrespeitavam o gabarito então vigente, numa única torre de 44 andares, conforme confessado pelo mesmo aos jornais. No caso do “cubão” do BNDES o superintendente apressou-se em afirmar que não via nada de errado em que o novo prédio concorresse em altura com os telhados do Convento de Santo Antônio. Na Marina da Glória, sua atuação parece ser a de dar suporte a qualquer projeto proposto por seus novos controladores.

3. Agora, quando a prefeitura tenta negociar o aumento do gabarito dos terrenos no entorno do Sambódromo, o que implica numa grande interferência na ambiência do mesmo (os "3 S" corredor estudado pelo arquiteto português Nuno Portas), na demolição radical da antiga fábrica da Brahma, ambos tombados, o Sr. Carlos Fernando novamente vem a público defender tal ideia. Note-se que não há qualquer tombamento federal envolvido, mas é o Superintendente o escalado para dar a aparência de normalidade a estes fatos.

4. A cooperação e solidariedade entre os representantes dos diversos níveis de preservação do Patrimônio – municipal, estadual e federal – é uma característica da atuação desses órgãos. Jamais um desses representantes deu alguma declaração pública que pudesse fragilizar a posição dos demais. No entanto, foi exatamente o que o Sr. Carlos Fernando fez: meteu-se onde não devia, deixando os demais órgãos sujeitos às pressões de seus respectivos chefes de executivo.

5. E aí vem mais uma. A Universidade Mackenzie está buscando na Prefeitura uma licença para a construção de uma torre no lado oposto torre do BNDES, e ao lado da Catedral Presbiteriana, bem tombado pelo Estado do Rio de Janeiro. Por que todos não vão para a área portuária? Seria um alavancador suficiente para sua revitalização.

1 Comente aqui:

Pedro Henrique disse...

É uma denúncia grave q merece ser muito bem investigada pelos procuradores independentes