A polêmica sobre a cartilha para o material escolar das escolas públicas de Eduardo Paes que apresenta palavra de duplo sentido só reforça o quanto a educação na cidade do Rio de Janeiro está abandonada.
Na ânsia de privatizar a educação municipal, o filhote de Cabral, Eduardo Paes, contratou – ninguém sabe por quanto - uma paulista, Claudia Costin, para ser a secretária de Educação do município do Rio.
A tarefa de Costin é repassar às empresas privadas importantes projetos pedagógicos. Projetos estes considerados ultrapassados e com textos surreais, causando danos irreparáveis à qualidade da educação. Não é uma política séria de educação. Mais parece um balcão de negócios.
'Chaninha' gera polêmica em escolas do Rio
Um palavrão ou uma palavrinha? A polêmica está lançada. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) vai denunciar a prefeitura ao Ministério Público estadual por causa da cartilha que começou a ser distribuída este ano na rede municipal. À parte as divergências pedagógicas - que são muitas -, o Sepe declarou guerra ao uso da palavra "chaninha" em um dos textos que fazem parte do material.
Para o Instituto Alfa e Beto de Brasília, que desenvolveu o kit vendido ao município, o singelo diminutivo é um regionalismo que significa chinelo; para o sindicato, é um jeito obsceno e grosseiro de se referir ao órgão sexual feminino.
A coluna de Ancelmo Gois noticiou nesta terça-feira que o Sepe estava disposto a ir à Justiça. A diretora do sindicato, Maristela Abreu, afirma que o projeto pedagógico é ultrapassado:
- Foi dinheiro jogado fora. É um retrocesso educacional. Alguns textos são surreais - afirma Maristela, rebatendo o argumento de que se trata de regionalismo. - O material didático não pode servir de piada entre os alunos ou favorecer situações humilhantes.
Segundo Maristela, o sindicato não conseguiu obter uma cópia da cartilha que cita a palavra "chaninha". O texto seria: "Minha chaninha cheira mal. Cheira a chulé". Vale destacar: como se trata de gíria, o palavrão ou a palavrinha da discórdia poderiam ser grafados tanto com x quanto com ch. O professor de português, Sérgio Nogueira, acha que os autores devem ter mais cuidado com textos que vão para todo o país, em especial se voltados para educação: - Houve descuido. Eu não usaria, por exemplo, no Pará ou no Maranhã, a palavra rapariga numa cartilha porque lá significa prostituta.
O Sepe vai juntar à denúncia análises feitas por professores de língua portuguesa. A diretora Maristela adianta que serão apresentadas uma série de razões para impedir o uso do material. Entre elas, o fato de se utilizar o método fonético na alfabetização, que o Sepe considera ultrapassado, e outros tantos exercícios e textos propostos para a educação infantil e a alfabetização.
- Há exercícios absurdos. Um deles, para crianças de 4 e 5 anos, pergunta qual é o lugar mais frio, se a Patagônia ou a Groenlândia. Outro, inicia o aprendizado das horas com o ponteiro dos segundos!
A briga em torno do kit do Instituto Alfa e Beto, de Brasília, é longa. Antes, em São Gonçalo, o motivo da discórdia foi uma brincadeira com rimas. Eis os versinhos: "Fui andando pelo caminho. /Éramos três/ Comigo quatro /Subimos os três no morro/ Comigo quatro/ Encontramos três burros/Comigo quatro." Na denúncia, foi dito que a leitura deixava professores e alunos em situação humilhante.
Diretor do Instituto Alfa e Beto, o educador João Batista de Oliveira rebate as acusações e diz que o problema em São Gonçalo girava em torno de um texto consagrado de Cecília Meireles. Ele vê patrulhamento nas críticas e interesses políticos:
- Além disso, proibir palavras que possam ter conotação diferente em algum lugar é erro de entendimento da língua. O professor está em sala de aula para lidar com essas questões e não para fazer patrulhamento ideológico. Não podem impor um filtro e ignorar a dinâmica da língua.
A Secretaria municipal de Educação informou que o programa Alfa e Beto destina-se à alfabetização de crianças do ensino fundamental e apresenta metodologia pautada no método fônico, mundialmente utilizado com sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita. O ponto de partida desse método são os fonemas da língua e sua grafia. Ainda segundo a secretaria, o investimento na nova metodologia foi de aproximadamente R$ 526 mil.
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