Incompetência da Prefeitura de Eduardo Paes provoca caos histórico no trânsito do Rio de Janeiro

Se o carioca que mora na Zona Sul e no Centro têm o que reclamar sobre o trânsito neste feriado de 21 de abril, que não dirija suas críticas aos evangélicos que participaram de uma bonita celebração com cerca de duas milhões de pessoas na Enseada de Botafogo.

Aliás, os fiéis mereciam um tratamento melhor por parte da prefeitura, já que foram tratados como gado nas ruas do Flamengo e de Botafogo.

Não havia guardas municipais suficientes para o evento, e os poucos que trabalhavam se preocuparam mais em multar ônibus e carros, promovendo uma absurda arrecadação de dinheiro fruto da incompetência da Prefeitura em estabelecer pontos de estacionamento.

Programado há muito tempo, o evento paralisou algumas das principais ruas da cidade pela total falta de planejamento do setor de transportes da prefeitura. Como nas chuvas, a incompetente administração do Rio de Eduardo Paes diz que foi surpreendida com o público de mais de um milhão de pessoas.

Como assim? Por meio de cartazes espalhados pelo Aterro e Enseada de Botafogo, os organizadores diziam que reuniriam no local um milhão de fiéis.

E, como sempre, já começou o jogo de empurra sobre a responsabilidade. O atual secretário da Ordem Pública (Seop), Alex da Costa, responsável pelas operações de (DES) Choque de Ordem em grandes eventos, admitiu que tomou conhecimento pelos jornais do evento. Se leu os jornais, sabia e omitiu-se!

Horas depois do caos que tomou conta da cidade, a Prefeitura passou a dizer que soube pelos jornais ou que não dimensionou direito o tamanho, emitiu nota prometendo não voltar a autorizar eventos deste tipo.

Já a Polícia Militar, de Sérgio Cabral, responsabilizou a prefeitura pelos problemas no trânsito do Centro e da Zona Sul. Para tirar o corpo fora (marca desse desgoverno), a PM informa (?) que, em 15 de abril, encaminhou ofício à Subprefeitura da Zona Sul e à Administração Regional de Botafogo manifestando-se contra a autorização para que os ônibus estacionassem perto da Enseada de Botafogo.

Ah, e até agora o (des) governador Sérgio Cabral não deu uma ÚNICA palavra sobre o assunto. Deve ser porque está em viagem pelo exterior. Afinal, as nuvens pretas do vulcão se normalizaram e os voos voltaram ao normal para a Europa.

Atenção Eduardo Paes!: depois não diga que não sabia. Este blog informa que nos dias 8 e 9 de maio será realizado, NO MESMO LOCAL E JÁ AUTORIZADO PELA PREFEITURA QUE NADA SABE, a etapa carioca do Red Bull Air Race. A estimativa dos organizadores é colocar mais de UM MILHÃO de pessoas no Aterro.

Leiam abaixo, o editorial do Jornal do Brasil desta quinta-feira (22).

Dia marcado pela desordem pública

Um evento que misturou música e religião, ontem, na Enseada de Botafogo, transformou o trânsito da cidade – num feirado em que tudo deveria estar mais tranquilo – em um verdadeiro inferno, muito mais insuportável do que se vê nos dias úteis.

A partir da Praia de Botafogo, os engarrafamentos atingiam, para todos os lados da cidade, Copacabana, Humaitá, Laranjeiras, Rio Comprido, Centro, Gamboa, alcançando até a Linha Vermelha.

De nada adianta a prefeitura pedir desculpa e prometer que eventos semelhantes não serão permitidos. É preciso punir exemplarmente os responsáveis.

A soma de três fatores foi decisiva para o nó no trânsito: 1) a natureza do evento, que provocou o afluxo de muitas pessoas de cidades vizinhas, numa quantidade de ônibus para a qual não há estacionamento que dê conta; 2) a má distribuição da Guarda Municipal, que, independentemente do número de participantes do esquema de tráfego, concentrou-se nas proximidades do evento; e 3) a localização, num ponto absolutamente nevrálgico no fluxo de veículos entre várias regiões importantes da cidade.

Sobre o primeiro: ou faltou a organização do evento prever o número de ônibus que trariam os “fieis”, ou faltou competência à Secretaria Municipal de Ordem Pública para concentrar os veículos em algum ponto. Ocorreu que havia ônibus estacionados em todos os bairros no entorno de Botafogo, sempre em número acima de cinco ou seis. Não há trânsito que suporte.

Sobre o segundo: não é a primeira vez que a guarda municipal demonstra dificuldades em antecipar problemas ou responder aos mesmos de forma minimamente rápida. Quando da última enchente na cidade, bairros como Rio Comprido e Tijuca tiveram seu trânsito “organizado” pelos próprios motoristas.

Ontem, especialmente na Glória, Catete e Laranjeiras, o trânsito poderia fluir flagrantemente melhor se houvesse um único controlador de trânsito liberando o tráfego pesado em cruzamentos onde o sinal da rua principal ficava fechado sem que qualquer veículo passasse na transversal.

Finalmente o terceiro: fazer um evento dessa magnitude na Enseada de Botafogo é clamar por problemas. Mesmo num feriado, ali desemboca trânsito intenso vindo de Copacabana, Humaitá (e deste Lagoa e Barra), Laranjeiras, Catete e Flamengo (e deste quase todo o proveniente da Zona Norte e Ponte Rio-Niterói). O desenho do local é um arco, que torna sua extensão curta. Além disso, a areia está próxima às pistas.

É um caso diferente do vizinho Aterro, onde o comprimento da praia é muito superior, e ainda há o Parque do Flamengo para diluir um público acima do calculado.

Parte-se do princípio de que nenhuma das peças desse intrincado tabuleiro tenha errado de maneira proposital, ou por desleixo. Fica claro, contudo, que faltou comunicação entre organizadores e poder público para interligar as ações e preparar um plano contingencial.

Se não houve danos à integridade física de alguém (a não ser o estresse de quem tentava circular de carro ou ônibus), os litros de combustível queimados inutilmente e os prejuízos de quem perdeu compromissos são imensuráveis.

Se ontem o Centro e a Zona Sul fossem visitados por delegações da Fifa ou do Comitê Olímpico Internacional, perigava o Rio deixar de ser uma das sede da Copa do Mundo de 2014 ou perder a Olimpíada de 2016.

A soma de três fatores transformou o Rio em um inferno pior do que nos dias úteis.

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