Muito estranha essa fixação de Eduardo Paes a favor da especulação imobiliária

Esse blog entende a ganância das construtoras. O que achamos muito, mais muito estranho mesmo, é a postura do prefeito Eduardo Paes sempre servil a essa ganância. Por que será???

Depois de ficar obcecado em querer aprovar projeto que praticamente cimenta a região do bairro de Vargem Grande, na Zona Oeste, Paes, agora, se alia às construtoras, mais uma vez, para descaracterizar o Bairro da Lapa, reduto da boemia carioca e parte do Centro Histórico da Cidade.

Assim como não quer nada, na calada da noite, surge o projeto para a construção do prédio da Eletrobrás na região, com inacreditáveis 44 andares. A idéia aproveita a brecha proporcionada pelas mudanças na legislação do Corredor Cultural do Centro do Rio propostas pelo prefeito Eduardo Paes e aprovadas discretamente pela Câmara dos Vereadores no fim do ano.

Já vimos esse filme e é o carioca quem morre no final. Aconteceu na Barra da Tijuca, que teve o seu projeto descaracterizado quando os “espertos” inventaram gabaritos especiais para os Apart-Hotéis. Foi a abertura da porteira para a especulação imobiliária.

Como não há almoço grátis....

Leia abaixo a íntegra da reportagem publicada nesta quarta-feira (13) em O Globo.

Liberação de prédio de até 44 andares a 200 metros dos Arcos da Lapa cria polêmica

As mudanças na legislação do Corredor Cultural do Centro do Rio propostas pelo prefeito Eduardo Paes e aprovadas discretamente pela Câmara dos Vereadores no fim do ano, abrindo caminho para a Eletrobrás construir umespigão com até 44 andares nas imediações dos Arcos da Lapa, criaram polêmica.

Especialistas em urbanismo e patrimônio cultural, muitos dos quais apanhados de surpresa pelas mudanças, têm dúvidas sobre se existe o risco de o projeto descaracterizar o coração histórico e boêmio da cidade, além de prejudicar a visão dos Arcos.

Sancionada semana passada, a lei complementar 106 permite a construção de um prédio de dois blocos interligados, a cerca de 200 metros do monumento. A ala mais baixa, voltada para a Lapa, poderia ter até 10,5 metros (três pavimentos). Já a lâmina maior, a ser construída na direção da Avenida Chile, poderia chegar a 133 metros (44 pavimentos).

Um dos críticos é o ex-secretário municipal de Urbanismo, Augusto Ivan, um dos maiores especialistas em arquitetura do Rio Antigo. Augusto, que também já foi subprefeito do Centro, participou das discussões da criação do decreto 12.409/1993 editado pelo então prefeito Cesar Maia que estabeleceu os parâmetros para construções na área central da cidade sem prejudicar a observação das construções históricas. A nova lei alterou pontos do decreto para permitir a construção do novo prédio. Pelas regras antigas, o gabarito da área variava de três a seis pavimentos.

- Um prédio dessa altura vai fazer com que o Aqueduto Carioca (nome oficial dos Arcos da Lapa) perca a sua imponência. Isso já vem acontecendo ao longo dos anos com a construção de espigões na esplanada que surgiu com a demolição do Morro de Santo Antônio. Um imóvel desse porte teria uma função muito mais importante para o Rio se fosse construído na Zona Portuária, para servir como âncora do processo de recuperação da área - criticou Ivan.

Empresa terá que investir na região

O subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, Washington Farjado, discorda. Para ele, a revisão da legislação contribuirá para a revitalização da área. Ele acrescenta que a Eletrobrás se comprometeu com a prefeitura, em troca das mudanças dos parâmetros, de investir em projetos importantes para o desenvolvimento cultural e econômico da região. Entre as contrapartidas estariam a inauguração de um centro cultural, a abertura de um novo acesso entre a Rua dos Arcos e a Avenida Chile; e a modernização da rede de água e esgotos da região.

Leia também o comentário do ex-prefeito Cesar Maia em seu ex-blog

O MONSTRO DA LAPA, OU ESPIGÃO DA ELETROBRÁS!

(E-mail de JS, 12) 1. É inacreditável como a prefeitura vem modificando a legislação urbanística em prol de seus interesses especulativos, desprezando os critérios básicos de Preservação previstos pelas Cartas Patrimoniais, nacionais e internacionais. São projetos que colocam em risco a memória da cidade: Nova (?) Avenida Rio Branco, o conjunto da Petrobrás na Rua do Senado, e agora, a insensibilidade alcançou um dos símbolos mais conhecidos do Rio de Janeiro: o Aqueduto da Carioca.

2. O cartão postal sofrerá total desfiguração paisagística se espigão for construído na Rua dos Arcos. A preservação do monumento não se faz isoladamente, mas se estende para as características conjunturais do sítio e de todos elementos que concorrem para definir tais características, ou seja, sua ambiência. Basta fazer uma simulação fotográfica dos Arcos com o edifício atrás para se ter uma idéia da extensão do dano (ou tomar como exemplo, ainda que numa escala menor, a visão da Igreja e Convento do Carmo (Rua Primeiro de Março) com o edifício Candido Mendes atrás - como este agride e rompe a harmonia do conjunto setentista. Mais estranho nisso tudo é o silêncio dos órgãos de preservação.


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