Se existe uma coisa em que não se pode negar é a verdade dos números: O Rio “pacificado” de Sérgio Cabral é o estado da federação que “registrou o maior número de assassinatos de jovens até 29 anos.
A revelação é do estudo “Mapa da Violência 2010- Anatomia dos Homicídios no Brasil”, divulgado ontem em São Paulo.
Indagada a respeito a Secretaria de (in) Segurança Pública do Rio de Janeiro não comentou a pesquisa.
Aliás, como sempre faz quando o governo (???) Cabral é confrontado com a realidade.
Cabral não pôde ser ouvido pela reportagem do Jornal do Brasil – estava descansando (???) em Nova York.
Leiam abaixo:
A violência migra para o interior
Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O Brasil sofreu um intenso processo de interiorização da violência nos últimos anos, revelou o estudo Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, divulgado terça-feira em São Paulo. O levantamento, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, reuniu dados entre 1997 e 2007 e mostra que, enquanto nas capitais do país houve um queda da taxa média de homicídios neste período, no interior os registros apontam um crescimento da violência.
A taxa de homicídios no interior do país cresceu de 13,5 (a cada 100 mil habitantes) para 18,5. Já nas capitais, as ocorrências passaram de 45,7 homicídios a cada 100 mil habitantes para 36,6 no mesmo período. No geral, o número de homicídios mostrou tendência de ligeira queda: passou de 25,4 por 100 mil habitantes em 1997 para 25,2 por 100 mil habitantes.
No caso do Estado do Rio de Janeiro, a pesquisa revela que em Búzios, na Região dos Lagos, por exemplo, são 86,3 homicídios a cada 100 mil habitantes, dado muito acima da média nacional. Em Rio das Ostras, na mesma região, a taxa foi de 84,8. Na Baixada Fluminense, a cidade de Duque de Caxias, apresenta taxa de 74,5 e Nova Iguaçu, 53,3.
– Não há uma explicação exata, mas os dados parecem sugerir que está havendo uma migração dos delitos das grandes cidades, como a capital do Rio, para aquelas que estão em desenvolvimento. Por intuição, podemos levantar a hipótese de que os investimentos do governo federal e do próprio estado na capital tem influenciado essa mudança – sugere o cientista político João Trajano Sento-Sé.
O Rio de Janeiro lidera, em números absolutos, o ranking de homicídios nas capitais brasileiras, com 2.204 casos registrados em 2007 (taxa de 35,7 a cada 100 mil habitantes). São Paulo, que liderava a lista no último levantamento, em 2008 (que analisou os delitos registrados até 2006), ocupa agora a segunda posição em números absolutos, com 1.927 registros (taxa de 17,4), seguido da cidade de Salvador, com 1.357 casos (taxa de 49,3), Recife, 1.338 casos (87,5), e Belo Horizonte, com 1.201 (49,5).
Para o sociólogo Ignácio Cano, professor e integrante do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o levantamento revela que o problema do Rio é sério. Segundo ele, padrões de violência estabelecidos em nível internacional com base na análise de dados de países europeus, por exemplo, sugerem que o aceitável para uma sociedade em que este tipo de crime está sob controle é uma taxa de cinco homicídios para cada 100 mil habitantes.
– Em números absolutos, a liderança do Rio não é surpreendente, mas é relevante. Se levarmos em conta que a população carioca é muito menor que a da capital de São Paulo, chegaremos facilmente à conclusão de que o problema é grave – observa o sociólogo. – Não é certo olhar apenas para os números absolutos, porque eles precisam ser relativizados com o total da população. Contudo, o Rio registra um número muito maior de homicídios que São Paulo, seja no levantamento absoluto, seja na comparação do número de crimes a cada 100 mil habitantes.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio não quis comentar a pesquisa. Por meio de assessores, explicou que desconhece a metodologia do trabalho. As autoridades da pasta, no entanto, afirmam que duas ações consideradas “fundamentais” foram adotadas para combater esse delito: a subdivisão do estado em Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp), com o estabelecimento de metas para queda de delitos estratégicos (homicídios entre eles), e a criação de uma nova Divisão de Homicídios (DH) na Polícia Civil.